Nossa Política

Maurício Grabois

Julho de 1950


Primeira Edição: ......
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 28 - Julho de 1950.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
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LUTA de todos os povos pela paz é o movimento mais poderoso da atualidade. Nunca houve antes frente tão ampla da paz em todo o mundo, jamais a história conhecera movimento internacional tão amplo.

O movimento pela paz se estendeu a todos os países e a todos os continentes. Dele participam povos de várias raças e nacionalidades, de várias opiniões políticas e crenças religiosas. Dele participam ardentemente o povo brasileiro, não obstante os lacaios dos incendiários de guerra americanos da ditadura de Dutra perseguirem com o terror policial o movimento dos partidários da paz.

Em nossa terra, como em todo o mundo ele une milhões de homens, mulheres e jovens — em suma todos os que visam um nobre objetivo: assegurar a paz à humanidade. O movimento dos partidários da paz constitui uma autêntica expressão das aspirações e esperanças dos povos. Constitui uma autêntica expressão das aspirações do nosso povo que luta para se libertar da escravidão imperialista. A defesa da paz é fundamental e está indissoluvelmente ligada à luta dos povos oprimidos, uma vez que os incendiários de guerra, os imperialistas anglo-americanos, desejam desencadear uma nova carnificina para, entre outras coisas, sufocar o movimento de libertação nacional que hoje se alastra com vigor redobrado em todo o mundo.

Na reunião celebrada em. Março de 1950, em Estocolmo, pelo Comitê Permanente do Congresso Mundial dos Partidários da Paz ficou demonstrado que a luta pela paz, da qual já participaram amplas massas, atingiu uma nova etapa, passou à fase de ações concretas contra os incendiários de guerra. A reunião convocou os homens de boa vontade em todo o mundo para assinar a petição que exige a interdição integral da arma atômica — arma de agressão e de extermínio em massa da população — e que declara criminoso de guerra o governo que for o primeiro a usar tal arma.

O texto do apelo está assim redigido:

"Exigimos a proibição absoluta da arma atômica, arma de terror e de extermínio em massa de populações.
Exigimos o estabelecimento de rigoroso controle internacional para assegurar a aplicarão dessa medida de proibição.
Consideramos que o governo que primeiro utilizar a arma atômica, contra qualquer outro país, terá cometido um crime contra a humanidade e deverá ser tratado como criminoso de guerra.
Pedimos a todos os homens de boa vontade do mundo que assinem esse apelo".

A reunião do Comitê Permanente se dirigiu também a todos os partidários da paz. a todas as pessoas honestas, independentemente do caráter de suas opiniões, convidando-os a indicar seus representantes para o Segundo Congresso Mundial dos Partidários da Paz que terá lugar no outono de 1950. A reunião do Comitê Permanente propõe, na qualidade de plataforma geral, a aprovação da interdição da arma atômica e a condenação do governo que for o primeiro a utilizar a arma atômica.

A consulta a todos os povos, lançada pelo movimento dos partidários da paz, constitui uma tarefa de honra na luta, em defesa da paz. Ela constitui uma tarefa de todos os patriotas e homens honrados de nossa terra. Nas condições atuais, quando os usurpadores imperialistas se preparam, em nome dos interesses de um punhado de monopolistas, para novamente derramar torrentes do sangue do povo, em todo o mundo os povos têm a possibilidade de, unanimemente, se levantarem em defesa da paz, e dizer claramente "NÃO!" aos traficantes da morte e aos assassinos que ameaçam a humanidade com a bomba atômica. Os povos podem erguer uma barreira intransponível no caminho dos incendiários de guerra.

A paz é uma aspiração de todos os povos. Uma nova guerra mundial que os imperialistas estão sôfregos por desencadear, constitui uma ameaça a todos os povos. Por toda parte as massas populares vêm com seus próprios olhos que se intensifica a agressividade do campo imperialista. O bloco anglo-americano se recusou a concluir um pacto das cinco potências para o fortalecimento da paz. A política deste bloco, dedicada abertamente aos preparativos da terceira guerra mundial, exprime-se na realização do desmembramento da Alemanha, nas tentativas de transformação das zonas ocidentais da Alemanha e do Japão, ocupado por forças americanas, em sementeiras do fascismo, do revanchismo e em praça d’armas para a agressão. O "plano Marshall", plano de escravização, assim como a União Ocidental e o bloco do Atlântico Norte, dirigidos contra todos os povos amantes da paz, servem a esses objetivos de aventuras guerreiras. Nos Estados Unidos e nos países da Europa ocidental se desenvolve uma desenfreada corrida armamentista e os orçamentos de guerra aumentam. Amplia-se a rede de bases militares americanas. Toda a linha do bloco anglo-americano na Organização das Nações Unidas é determinada pela política de agressão que tem por objetivo minar a atividade da ONU e transformá-la em arma dos monopólios dos Estados Unidos. As conspirações, a tempo desmascaradas, contra os países de democracia popular e contra a União Soviética, organizadas pelo imperialismo anglo-americano por intermédio dos seus agentes, a camarilha fascista-nacionalista de Tito, constituem também um testemunho dessa política de desencadeamento de uma nova guerra.

Podemos também constatar a política de aceleração dos preparativos guerreiros do imperialismo pelos passos dados por ele em nossa terra. Aqui, o controle do aparelho estatal, o comando das forças militares, o roubo dos minérios e matérias primas indispensáveis à indústria bélica alem de outras medidas são feitos cada vez em escala maior, já agora sem qualquer rodeio, com a colaboração criminosa da ditadura e da maioria dos políticos das classes dominantes.

Os aventureiros americanos se sentem à vontade. Os dirigentes da política exterior "total" dos Estados Unidos se lançam a novas e novas aventuras na sua tendência ao domínio mundial, sem manifestar escrúpulos quanto aos meios e métodos para alcançar tais objetivos. Os aventureiros americanos recorrem, como fazem no Brasil, à grosseira violação da soberania de outros países; tal fato se manifestou claramente na ocupação, pelos americanos, do aeródromo dinamarquês "Kastrup". Os incendiários de guerra organizam demonstrações bélicas do gênero do treinamento das forças aéreas dos Estados Unidos na região do Mar Báltico. Os aventureiros americanos não param até mesmo diante do inaudito pisoteamento das normas elementares do direito internacional. Assim, verificou-se, recentemente, o fato da violação da fronteira soviética por um avião militar americano, o qual, aliás, como se sabe, foi obrigado a bater em retirada. A recusa, manifestada pelo bloco imperialista, da interdição da arma atômica, apesar de ter sido desfeita a lenda sobre o monopólio dessa arma pelos Estados Unidos, constitui a expressão mais franca dos sinistros propósitos dos incendiários de guerra. Está bem claro, como afirma Prestes,

"que o que querem os senhores do imperialismo é precipitar o desencadeamento de uma terceira guerra mundial, quer dizer,da guerra atômica".

A política de chantagem com a arma atômica sofreu um fracasso. Apesar disso, porém, os círculos governamentais dos Estados Unidos não renunciaram à arma atômica. Pelo contrário, tencionam aumentar a sua produção. Como se vê, os atuais pretendentes ao domínio mundial estão decididos a praticar qualquer crime para a realização dos seus propósitos de agressão.

As massas populares reconhecem cada vez mais o sério perigo de guerra que pesa sobre a humanidade. Aprofunda-se o abismo entre a vontade dos povos que não desejam a guerra e a ação dos governos dos países capitalistas que organizam os preparativos de novas aventuras guerreiras. Cresce o isolamento moral dos incendiários de guerra que ameaçam a humanidade com a arma atômica.

Os povos compreendem que o imperialismo americano, no seu afã de domínio mundial, conta utilizar a sua juventude como "carne âe canhão". E nos próprios Estados Unidos os homens simples, apesar da histeria guerreira, fomentada por todos os meios, começam a compreender que se os incendiários de guerra conseguem organizar novo massacre de povos, então a guerra, provocando a morte e a destruição, atingirá também o continente americano.

Mas por maior que seja a vontade de paz entre os povos, apenas essa vontade é insuficiente para evitar o terrível crime arquitetado pelos incendiários de guerra. Os partidários da paz reconhecem que o desejo de paz deve se traduzir em fatos concretos e que conseguir a interdição da arma atômica constitui a tarefa mais urgente e inadiável.

As forças do campo da paz são imensas. Os povos que fazem parte do campo da democracia e do socialismo, em cuja vanguarda se encontra a União Soviética, lutam incansavelmente pela paz. Os povos da URSS estão imbuídos de uma indestrutível vontade de paz. Os povos dos países de democracia popular, que tomaram o caminho da construção do socialismo, montam guarda à paz. A paz é também defendida pelo grande povo chinês que se libertou das cadeias da escravidão feudal e imperialista e que por isso mesmo frustrou os planos dos imperialistas no sentido de transformar a China em base para as aventuras guerreiras.

A luta pela paz se desenvolve com crescente envergadura nos países onde o sistema imperialista domina e também nas colônias que definham sob o jugo do imperialismo.

Surgiu, pela primeira vez na história da humanidade, uma frente organizada da paz, à cuja vanguarda se encontra a União Soviética, baluarte e porta-bandeira da paz em todo o mundo.

O nome de Stálin é a bandeira de luta de milhões de homens simples em todo o mundo. O nome de Stálin acendeu nos corações de todos os homens simples do globo terrestre uma inabalável fé na causa, grandiosa e justa, da luta pela paz em todo o mundo, pela independência nacional dos povos e pelo florescimento da amizade e da boa vontade entre todas as nações e todos os povos.

A resolução, aprovada pelos partidários da paz, no sentido de realizar em todos os países um plebiscito pela paz significa, por si mesma uma ativação maior das massas populares que defendem a causa, da paz. Toda a atividade produtiva precedente do movimento dos partidários da paz constitui uma garantia do êxito dessa consulta mundial, gigantesca pela sua envergadura e pelas tarefas que comporta. Assume imensa significação o fato de que este movimento, que se estende por todo o mundo, se desenvolve sobre sólida base orgânica. Cinqüenta e dois comitês nacionais de defesa da paz compõem atualmente o Comitê Pernanente do Congresso Mundial dos Partidários da Paz, fundado em abril de 1949. Vinte e oito conferências e congressos dos partidários da paz já tiveram lugar em diferentes países e em dez países fazem-se preparativos para a realização de congressos da mesma natureza. Milhares de comitês de defesa da paz nas cidades, nas empresas, nos estabelecimentos e nas aldeias desenvolvem, as suas atividades nos países capitalistas.

Também em nosso país, apesar do terror policial, amplia-se a luta pela paz, a vontade de paz congrega milhões de brasileiros e cada dia vão sendo mais isolados os partidários da guerra, os traidores de nosso povo.

Novas Formas de Luta Pela Paz

OS PARTIDÁRIOS da paz passam a formas mais ativas de luta contra os incendiários de guerra.
Nos países capitalistas a luta pela paz assumiu atualmente novas formas. Na França, os doqueiros e os marítimos se recusam a descarregar o material bélico americano. Os ferroviários franceses se recusam a guiar os trens carregados de material bélico. Os trabalhadores franceses se recusam a produzir armas. As massas populares, pela palavra e pela ação, protestam contra a guerra dos colonizadores franceses contra a República Democrática do Viet-Nam. A luta grevista que se desenvolve amplamente na França pelas reivindicações econômicas diretas da classe operária se acha estreitamente ligada à luta contra a corrida armamentista e pela paz.

Os doqueiros de Ancona, Genova e Livorno e seguindo a esses os doqueiros de outros portos italianos assumiram o compromisso de não descarregar os armamentos procedentes dos Estados Unidos. Os ferroviários italianos e os trabalhadores de muitas empresas industriais se declaram em greve, protestando contra o fornecimento de armas dos Estados Unidos e contra a fabricação de material bélico nas fábricas italianas.

Os marítimos e os portuários da Bélgica e da Holanda, a exemplo dos seus companheiros franceses e italianos, se recusam a carregar, descarregar e transportar material bélico.

Na Alemanha ocidental os doqueiros, solidarizando-se com as decisões dos portuários da França e da Itália declararam que não descarregarão o material bélico americano fornecido em conformidade com o pacto de agressão do Atlântico Norte.

E no Brasil também a luta pela paz já começa a passar ao terreno das ações de massa. Basta citar, para comprovar isto. as manifestações de repulsa do nosso povo à recente conferência guerreira dos embaixadores e espiões ianques e a greve dos mineiros de S. Antônio, em que os operários grevistas deram um exemplo magnífico de como se pode sempre fundir a luta pela paz com a luta contra a fome e a miséria.

A Classe Operária na Vanguarda do Movimento

A PARTICIPAÇÃO ativa da classe operária tem uma decisiva significação para a luta pela paz e para dar uma maior coesão às fileiras dos partidários da paz. O fortalecimento da unidade da classe operária constitui um seguro ponto de partida para a tarefa da criação em cada país' de uma união mais ampla de todos os partidários da paz. Os destacamentos de vanguarda da classe operária — os Partidos Comunistas — marcham nas primeiras fileiras dos lutadores pela paz e audazmente, sem temer as repressões, declaram que os povos de seus países não querem ser instrumento da agressão imperialista e não irão à guerra contra a URSS e os países de democracia popular. Estas declarações claras e firmes dos Partidos Comunistas, que marcham na vanguarda das massas populares, assumem uma imensa significação internacional.

Assim como nos dias da guerra contra o fascismo os Partidos Comunistas constituíram a vanguarda da resistência popular aos usurpadores, figurando em suas fileiras os mais abnegados lutadores pela independência da pátria, também hoje, no período de após-guerra, os Partidos Comunistas marcham na vanguarda de todos os homens de boa vontade que defendem a paz entre os povos e unanimemente combatem os fomentadores de uma nova guerra. Assim Prestes, à frente dos comunistas brasileiros, tem convocado com veemência todas as pessoas honestas à ação, a fim de deter os incendiários de guerra, salvar a paz e libertar nosso povo da opressão imperialista.

Os amigos da paz em todos os países consideram como tarefa urgente levar ao conhecimento de cada família, de todos os homens e mulheres em todo o globo terrestre, independentemente de sua nacionalidade e de sua origem racial, das suas convicções políticas e de sua confissão religiosa, o manifesto do Comitê, Permanente do Congresso Mundial dos Partidários da Paz no sentido de assinarem o apelo pela interdição da arma atômica e para declarar criminoso de guerra o governo que primeiro empregar esta arma monstruosa e mortal. Trata-se de uma tarefa grandiosa levar ao conhecimento de todos o chamamento para a luta contra os fomentadores de guerra e fortalecer o apelo pelas assinaturas de centenas de milhões de pessoas. Mas tal será feito. O caráter de massas, a organização e a eficiência do movimento dos partidários da paz constituem premissas do êxito da campanha pela coleta de assinaturas para o apelo.

Os povos do mundo, ao assinar o Apelo de Estocolmo, manifestam a sua vontade inflexível de não permitirem aos imperialistas pôr em prática os seus planos criminosos. A manifestação da vontade de todos os povos vibrará um golpe sério nos planos dos fomentadores de guerra.

Desmascaram-se os Partidários da Bomba Atômica

OS CÍRCULOS governamentais de uma série de países capitalistas que se recusaram a receber a delegação do Comitê Permanente portadora da proposta de cessação da corrida armamentista, demonstraram, dessa forma, que são inimigos da paz e que temem a paz. Como se sabe, o primeiro ministro da Inglaterra, Clement Attlee, recusou-se a receber os delegados do Comitê Permanente. O Secretário de Estado Acheson simplesmente não permitiu a entrada dos delegados nos Estados Unidos. O parlamento belga recusou-se a examinar a mensagem do Comitê Permanente e os governantes da Holanda, grosseiramente, expulsaram os delegados, sob escolta policial, quando estes chegaram às fronteiras do país.

A delegação dos partidários da paz foi, na União Soviética, calorosamente acolhida pelos presidentes dos Sovietes da União e das Nacionalidades, que aplaudiram as propostas de paz do Comitê Permanente e prometeram apoiá-las no Soviet Supremo da URSS. Da mesma forma também os parlamentos dos países de democracia popular — Rumânia, Hungria, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária e Albânia, — aprovaram unanimemente, expressando a vontade dos seus povos, as propostas de paz do Comitê Permanente.

As campanhas nacionais pela coleta de assinaturas constituem uma poderosa demonstração pela paz. Quando os povos se manifestam pela interdição da arma atômica, então os governos dos países capitalistas que se recusam a atender à vontade dos seus povos assumem a responsabilidade da sua recusa criminosa.

As massas populares de todos os países apóiam o Apelo de Estocolmo porque as exigências contidas no mesmo correspondem aos vitais interesses de todos os povos e de toda a humanidade. Somente os plutocratas dos Estados Unidos e da Inglaterra e seus agentes estão interessados na guerra.

Ninguém pode ficar neutro na luta pela paz, pela cessação da corrida armamentista e, em primeiro lugar, pela interdição da arma atômica que ameaça a vida de amplas massas. Atualmente, ninguém pode se manter alheio à questão: pela guerra ou pela paz? Trata-se do problema fundamental da atualidade. A coleta de milhões de assinaturas para o apelo do Comitê Permanente significa uma enorme ampliação da base de massas do movimento e a incorporação de muitas novas forças na luta pela paz. A coleta de assinaturas para o apelo, tarefa em que já estão empenhados os melhores filhos de nosso povo, deverá ser feita em cada cidade, em cada rua, em cada casa em todo o mundo. A coleta de milhões e milhões de assinaturas confirmando que as massas populares declaram a arma atômica fora da lei constitui uma contribuição concreta para a causa da defesa da paz. Cada assinatura ao apelo representa um golpe contra os fomentadores de guerra.

Coragem, Iniciativa e Espírito de Organização na Campanha Contra a Arma Atômica

OS POVOS sabem que a luta pela paz não é uma luta fácil. Os imperialistas de todos os países e principalmente os imperialistas dos Estados Unidos perseguem com ferocidade os partidários da paz. Estes são atirados às prisões e são vítimas de toda sorte de repressão. Mas não existe força capaz de abalar a indestrutível vontade e a aspiração de paz dos povos.

A campanha pela coleta de assinaturas ao apelo do Comitê Permanente supõe um trabalho de esclarecimento imenso pela sua envergadura. Nos países capitalistas os partidários da paz consideram como seu primeiro dever esclarecer a situação real do problema, principalmente às pessoas demasiadamente crédulas e que são enganadas pelos inimigos da paz; esclarecê-las pacientemente sobre quem são os verdadeiros responsáveis pelos preparativos de uma nova guerra.
Ao esclarecer as causas das guerras e o seu caráter, os partidários da paz devem, ao mesmo tempo, desfazer as opiniões errôneas no sentido de que a guerra, nas condições atuais, é fatal e iminente e desmentir as afirmações dos provocadores de guerra no sentido de que uma nova guerra é inevitável.

Nas condições atuais, quando o capitalismo já não mais constitui um sistema único e universal de economia, quando as forças do socialismo e da democracia se fortalecem dia a dia e quando as forças da paz se unem e crescem cada vez mais, é possível evitar-se a guerra.

A possibilidade real de se frustrar os desígnios criminosos dos incendiários de uma nova guerra se baseia no crescimento ininterrupto do movimento dos partidários da paz. Os povos do país soviético, inspirados pelo grande Stálin, marcham na vanguarda deste movimento, o mais grandioso da atualidade. Ao lado da União Soviética lutam no campo da paz os países de democracia popular e nas suas primeiras fileiras marcha a classe operária sob a direção dos Partidos Comunistas e Operários. A grande vitória do povo chinês, que criou a República Popular da China, e a criação da República Democrática Alemã fortaleceram, em grande medida, a frente da paz.

A URSS e outros Estados da Europa e da Ásia que defendem a causa da paz, contam com uma população de cerca de 800 milhões, num total de 2 bilhões e 250 milhões que corresponde à população de todo o globo terrestre. É necessário um desmascaramento constante e sistemático das declarações mentirosas dos inimigos da paz que ativamente se preparam para a guerra sob vários disfarces, como defesa do hemisfério ocidental, defesa da civilização cristã, etc. disfarces que, no fundo, pretendem mascarar a escravização dos povos pelos imperialistas norte-americanos.

Os Partidos Comunistas dos países capitalistas, que se encontram nos postos avançados da luta pela paz, lutam incansavelmente contra o oportunismo que subestima o perigo de guerra e também contra o sectarismo com a sua falta de confiança nas massas e sua falta de fé nas forças da classe operária.

A luta pela paz em países como o nosso, colocado à retaguarda do imperialismo, está, como afirma Prestes, indissoluvelmente ligada à luta contra "a dominação imperialista", e pela "completa libertação nacional do jugo imperialista e por um governo efetivamente democrático e popular". A luta pela paz marcha ainda em todo o mundo indissoluvelmente ligada ao desmascaramento dos agentes do imperialismo no movimento operário, ao desmascaramento dos socialistas de direita e do trabalho de sapa do bando titista de assassinos e espiões mercenários.

A realização da coleta de assinaturas exige dos partidários da paz em todos os países, e particularmente nos países da retaguarda imperialista, uma grande tensão de forças, de coragem, de iniciativa e de organização que elevarão o movimento dos partidários da paz a um nível mais alto.
O apelo do Comitê Permanente, que exige a interdição incondicional da bomba atômica e a declaração, como criminoso de guerra, do governo que primeiro empregar a arma atômica encontra em nosso país e cm todo o mundo um amplo e poderoso eco.

O Apoio das Massas ao Apelo de Estocolmo Conduziram à Vitória da Paz

A IMENSA força de atração do Apelo de Estocolmo já se manifesta.

O apelo teve a aprovação calorosa da União Soviética, dos países de democracia popular, da China libertada e da Coréia Setentrional, em suma em toda parte onde o povo está integralmente de posse do poder político e onde os governos, ao realizar a vontade do povo, põem em prática uma conseqüente política de paz e de segurança dos povos.

Os maiores sábios do mundo — os sábios franceses Fredcric e Irene Joliot-Curie, o professor inglês John Bernal, o acadêmico soviético Alexandre Nesneianov, escritores, pintores e artistas de fama mundial, como o escritor americano Howard Fast, o escritor soviético Alexandre Fadeiev, o escritor dinamarquês Martin Andersen Nexo, o escritor brasileiro Jorge Amado, o poeta chileno Pablo Neruda, o escritor polonês Leon Krutchkovski, o cantor negro Paul Robeson, jornalistas, dirigentes sindicais e sacerdotes já manifestaram o seu apoio ao Apelo de Estocolmo. Na enumeração de pessoas que assinaram o apelo, no Brasil e em outros países, há as assinaturas de pessoas de diferentes convicções políticas, várias nacionalidades e de diferentes idades. A lista das assinaturas ao apelo personifica por si mesma a união dos povos de todos os países e continentes numa ampla frente de paz que'repudia as guerras de agressão, a destruição de cidades e de aldeias, o assassinato em massa de populações pacíficas, de crianças, mulheres e velhos.

A coleta de assinaturas entre as massas marcha em muitos países. O número de assinaturas já se conta por centenas de milhões. Desenvolve-se a campanha pela coleta de assinaturas na União Soviética, na Rumânia, Bulgária, Albânia e na República Popular da Mongólia. Na URSS a campanha pela assinatura do Apelo de Estocolmo é realizada em meio à grande ascensão política dos povos soviéticos. Em menos de 15 dias foram coletadas mais de 100 milhões de assinaturas para o Apelo de Estocolmo em milhares de assembléias e comícios nas empresas, escolas, quartéis e colcozes, onde o povo soviético mostrou, mais uma vez, a sua indestrutível unidade política e ideológica e a decisão de continuar na vanguarda da luta pela paz em todo o mundo. Processa-se ativamente a coleta de assinaturas na Polônia. O apelo do Comitê Permanente foi acolhido com grande simpatia entre as massas da República Democrática da Alemanha. A campanha de coleta de assinaturas na China assume proporções cada vez mais amplas.

As massas populares dos países capitalistas responderam com entusiasmo ao apelo do Comitê Permanente. Na França, a comissão permanente da organização "Partidários da Paz e da Liberdade" lançou uma mensagem a todas as organizações democráticas apelando para as mesmas no sentido de imprimir e multiplicar dezenas de milhões de petições a serem apresentadas de casa em casa afim de que as pessoas adultas da família, ao assinarem por si e pelos seus filhos, votem, dessa maneira, pela paz. Os prefeitos dos centros populosos serão convidados a controlar a coleta das petições. Todos os partidários da paz se associam a esta tarefa afim de que,de maneira sistemática, cidade após cidade, rua por rua e aldeia por aldeia sejam arrastadas para a campanha. Cada família, seja ela a família do operário, do camponês ou do sábio, deve receber a sua petição, que reproduz o Apelo de Estocolmo. "O apelo, — diz a proclamação, — deve atingir cada cidade, cada aldeia e cada casa. Deve chegar aos trabalhadores de cada fábrica".

As municipalidades de sessenta centros provinciais da Itália já votaram pelas exigências apresentadas pelo Comitê Permanente do Congresso Mundial dos Partidários da Paz. Terão lugar, nas próximas semanas, as conferências provinciais dos comitês dos partidários da paz em Milão, Savona, Nápoles, Navarra, Perrugi, Ferrara e muitas outras cidades. Idênticas conferências serão realizadas cm toda a Itália.

Nas cidades e povoações da Inglaterra o comitê nacional de defesa da paz deu início aos preparativos para a coleta de assinaturas entre as massas da população. Conferências em defesa da paz foram convocadas em Nottingham, Cheffield e Manchester. O Comitê Nacional da Conferência Sindical Americana em defesa da Paz, com sede em Chicago, dirige a coleta de assinaturas nos Estados Unidos. Todos os sindicatos de Chicago que fazem parte do CIO criaram comitês especiais com este objetivo. Na conferência especial convocada recentemente por iniciativa do Comitê Nacional, dedicada à realização da coleta de assinaturas, tomaram parte 170 delegados sindicais que fazem parte do Congresso das Organizações Industriais, (CIO) e da Federação Americana do Trabalho (AFL). No Estado de Indiana, na cidade Gary, grande centro da indústria de fundição do aço, os sindicatos reuniram quinze mil assinaturas.

Fundam-se, na Finlândia, novos comitês de defesa da paz que coletam assinaturas para o apelo do Comitê Permanente. O Congresso dos Partidários da Paz na Noruega declarou que se une ao apelo aprovado pela Seção de Estocolmo do Comitê Permanente. Mais de cem mil pessoas assinaram, na Alemanha Ocidental, durante alguns dias, o apelo do Comitê Permanente.

No Japão a conferência de organização da Frente Nacional, da Juventude tomou a decisão de intensificar o trabalho de coleta de assinaturas. A conferência dos representantes dos sindicatos japoneses aprovou também a decisão de realizar entre as massas a votação em defesa da paz.

Em nossa terra a campanha se desenvolve e atinge a novas camadas da população. Dezenas de milhares de assinaturas já foram coletadas para o Apelo de Estocolmo e mais de 60 Câmaras Municipais, além de grande número de políticos e personalidades, já deram publicamente seu apoio ao mesmo.

Em todos os países capitalistas as assembléias de massa, os comícios, as demonstrações dos partidários da paz apóiam a decisão do Comitê Permanente do Congresso Mundial dos Partidários da Paz. Toda reunião, toda demonstração de massas constitui pretexto para comunicação sobre os êxitos da campanha de coleta de assinaturas, motivo de sua popularização e ampliação. As mulheres representam um grande papel nesta campanha e a juventude toma parte entusiasta na mesma. A Federação Democrata Internacional das Mulheres publicou uma declaração em que, em nome de 80 milhões de mulheres, unificadas pela Federação, empresta a sua adesão ao apelo do Comitê Permanente. A Federação Mundial da Juventude Democrática, que reúne 60 milhões de jovens e moças que vivem em 74 países do mundo, aderiu, com grande entusiasmo, ao apelo do Comitê Permanente.

Novos e novos comitês de defesa da paz continuarão a surgir no processo de coleta de assinaturas nas empresas, nas cidades e nas aldeias. Milhões de assinaturas reafirmarão a inflexível vontade de paz dos povos. O movimento dos partidários da paz cumpre a sua missão histórica: salvar a humanidade da ameaça da guerra atômica e salvar a paz, a liberdade e a civilização e deter a mão criminosa que ameaça a paz.

E o nosso povo saberá, mais uma vez, seguir as indicações do seu chefe amado, as indicações de Prestes:

"É agora o momento de intensificar a campanha de assinaturas em apoio ao Apelo de Estocolmo pela interdição da arma atômica. Só o protesto organizado de todos os povos será capaz de paralisar o braço dos assassinos imperialistas".


"A política dos atuais dirigentes dos Estados Unidos e da lnglaterra é uma política de agressão, uma política de desencadeamento de uma nova guerra".
J. STÁLIN — (outubro de 1948)

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Inclusão 26/08/2009