Sugestões para o Trabalho de Propaganda

Eleanor Marx

16 de janeiro de 1897


Origem: Justice, 16 de janeiro de 1897, p. 3.

Fonte para a tradução: Suggestions for Propaganda Work, seção em inglês do Arquivo Marxista na Internet.

Tradução: Vitória Teixeira.

HTML: Lucas Schweppenstette.

Direitos de reprodução: Licença Creative Commons BY-SA 4.0.


CARO CAMARADA, – recentemente completamos uma turnê de palestras em Lancashire com o apoio da S.D.F(1). Essa turnê confirmou e aprofundou certas impressões formadas por turnês anteriores do mesmo tipo – impressões que de modo algum se restringem apenas a Lancashire, com uma notável exceção. As três primeiras sugestões gerais a serem feitas são o resultado da experiência em todos os distritos que visitamos onde a Federação possui filiais.

(1) Qualificação dos palestrantes. Seria impossível, e provavelmente insensato, impedir qualquer membro da Federação de palestrar acerca de qualquer assunto de sua escolha. Mas parece muito necessário que os palestrantes oficiais, que são considerados como representantes da Federação e ensinam seus princípios, devam ter, por questões de princípio, ideias claramente definidas, e até mesmo instruções definidas. Embora, é claro, o programa publicado da S.D.F. seja vinculativo para qualquer um palestrar sob o apoio desse órgão, há certas questões não diretamente tratadas por aquele programa sobre os quais os palestrantes oficiais certamente devem estar de acordo. Por exemplo, a atitude dos social-democratas em relação ao sindicalismo e à teoria do valor. Sobre a primeira questão importante, os conselhos são bastante divididos, e aqueles de nós que defendem a necessidade de os socialistas se juntarem ao sindicato de sua profissão específica são confrontados com a afirmação de que o palestrante A. ou B. na semana anterior aconselhou todos os socialistas a se manterem fora dos sindicatos. Quanto à segunda questão puramente econômica, é confuso para os jovens socialistas ouvirem de um palestrante da S.D.F. que as únicas pessoas que sabem alguma coisa sobre o assunto são os jevonianos da Sociedade Fabiana(2). Não se afirma, é claro, que todo palestrante autorizado da S.D.F. deva provar ser totalmente versado em Economia. Que cada um fale de acordo com seu conhecimento – de Economia, Estatística, sindicatos, história do movimento, sua literatura, e assim por diante. Mas que cada um fale a partir de uma plataforma comum no que diz respeito a questões de princípio geral e prática imediata. Aqueles que lidam com o lado especialmente científico do Socialismo deveriam, nestes dias de críticas mesquinhas e mais ou menos astutas, satisfazer o Executivo de que conhecem uma certa quantidade do assunto.

(2) Pagamento dos palestrantes. Esta é, reconhecidamente, uma questão muito difícil. Todos concordam que as despesas pessoais devem ser pagas em todos os casos. Mas e depois? Em alguns casos, nada é pago pelos serviços reais do orador; em outros, somas variadas, que aparentemente são pequenas em todos os casos. Claro, estamos falando apenas da S.D.F. aqui. Parece que o que se quer é uniformidade. Talvez uma pequena taxa devesse ser paga ao palestrante. Ele ainda teria liberdade, se as circunstâncias permitissem, para devolver a quantia ao partido. Esses pagamentos, que não afetariam os organizadores regulares e dirigentes da Federação que têm um salário regular, deveriam ser mantidos baixos, para evitar o perigo de pessoas ambiciosas serem tomadas pelo desejo de dar palestras.

(3) Relatórios dos palestrantes. Não seria bom que todos os palestrantes adotassem a prática de enviar ao Executivo algumas notas acerca dos fatos que aprenderam e impressões que coletaram em suas visitas a diferentes cidades? Esse tipo de trabalho é bem feito pelo nosso organizador; mas, pelo que ele mesmo disse, parece que ele ficaria muito satisfeito em ter seus relatórios públicos complementados e ampliados por relatórios privados ao Executivo, provenientes de muitos homens e mulheres que estão viajando pelo país. Esses três pontos – qualificação dos palestrantes, pagamento dos palestrantes, relatórios dos palestrantes – poderiam, com vantagem, ser objeto de discussão pelo Conselho Geral, que tomaria as melhores medidas para obter a opinião das filiais e dos palestrantes sobre eles. A quarta sugestão, que afeta especialmente Lancashire e Yorkshire – ou seja, esta questão do trabalho infantil – deve ser adiada para a próxima semana. – Fraternalmente,

Eleanor Marx Aveling
Edward Aveling