Um Grande Passo em Frente

Georgi Mikhailovich Dimitrov

6 de Dezembro de 1920


Primeira edição: «Rabotnitcheski Vestnik» N.° 126 de 6 de Dezembro de 1920. Assinado: G. Dimitrov.
Fonte:
Dimitrov e a Luta Sindical. Edições Maria da Fonte, Tradução: Ana Salema e Carlos Neves; Biografia e notas: Manuel Quirós.
Transcrição: João Filipe Freitas
HTML:
Fernando A. S. Araújo
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Por um lado, as consequências económicas, sociais e políticas da guerra imperialista, por outro, a revolução social em marcha, impuseram ao proletariado do mundo inteiro, como tarefa essencial de momento, a luta pela liquidação do capitalismo e da exploração dos assalariados, pela instauração da ditadura do proletariado à escala internacional, pela revolução.

Dirigida contra o capital mundial bem organizado, e que dispõe ainda de forças muito numerosas, esta luta não poderá limitar-se aos estreitos quadros nacionais dos diversos países. O seu sucesso não estará garantido senão quando estiver organizada e for conduzida à escala internacional.

A solidariedade internacional do proletariado, constantemente cercada pelos imperialistas, com a ajuda dos seus fiéis instrumentos — os social-traidores dos diversos países — devia, de qualquer forma, ser restabelecida, e isto desde o momento presente, em bases novas e mais sólidas.

Enquanto que, antes da guerra imperialista, a solidariedade proletária internacional, sustentada pela Segunda Internacional e pela União Sindical Internacional de Léguine, Gompers, Appleton e Jouhaux, se exprimia vulgarmente em congressos e conferências ruidosos que votavam resoluções elásticas como borracha, não obrigatórias mesmo para aqueles que as votavam, e que muito raramente se manifestavam na prática, sobretudo por uma assistência material insignificante na altura das greves, hoje, o reagrupamento internacional do proletariado impõe-se na função directa da luta da classe revolucionária, da luta pela ditadura do proletariado.

A Terceira Internacional Comunista nasceu das chamas da guerra civil e continua a desenvolver-se de forma tão magnífica sob os nossos olhos, precisamente como uma organização internacional do proletariado para uma acção revolucionária, como um órgão dirigente da revolução proletária mundial.

Mas a Internacional Comunista não poderia levar a cabo a sua grande missão histórica, e a revolução social, à escala internacional, não teria sido possível sem o reagrupamento revolucionário dos sindicatos de todos os países, sem subtrair à influência da Federação amarela de Amesterdão, atrás da qual se encontra e age o próprio imperialismo, as imensas massas operárias organizadas.

Por felicidade, a luta dos sindicatos nas condições ultimamente criadas, vista a bancarrota total da produção capitalista e de todo o sistema político, social e de produção do capitalismo, empurra-os inevitavelmente para o caminho da revolução proletária e em direcção a Moscovo. A tarefa antigamente limitada, que consistia em combater por meio de conquistas e reformas sociais insignificantes, no quadro do sistema capitalista, já não se põe; esta época está ultrapassada.

Reflectindo os interesses vitais das massas operárias organizadas nos seus campos de acção, esses sindicatos devem participar totalmente na luta da classe revolucionária, pela liquidação do próprio regime capitalista que é incompatível com a política pérfida e contra-revolucionária da Federação de Amesterdão.

É também a razão por que a iniciativa dos sindicatos russos para a criação de um centro internacional do movimento sindical, junto da Internacional Comunista, pela criação do Conselho Internacional dos Sindicatos de Moscovo, teve tão rapidamente um brilhante sucesso. Mais de dez milhões de operários sindicalizados se colocam já sob a sua bandeira. Nas organizações sindicais de todos os países filiados na Federação de Amesterdão prossegue-se hoje em dia, sem excepção, uma luta ideológica encarniçada: por Moscovo ou por Amesterdão. Cada novo dia traz a notícia da separação de novos sindicatos da Federação de Amesterdão e da sua união ao Conselho Internacional de Moscovo e à Internacional Comunista. E este progresso da orientação comunista dos sindicatos operários teve lugar por toda a parte, muito mais rapidamente e com maior sucesso do que era impossível imaginar, aquando da criação do Conselho Internacional de Moscovo, em Julho último.

Contudo, paralelamente a este reagrupamento revolucionário internacional do proletariado, a situação particular nos países que constituem, em muitos sentidos, regiões unidas e que terão de desempenhar um papel especial na revolução proletária internacional, como é por exemplo o caso dos países balcânicos e danubianos, impõe a reaproximação mais estreita e a unidade completa da organização de luta do seu proletariado.

A constituição da Federação Comunista Balcânico-Danubiana, enquanto parte integrante da Internacional Comunista, representa o primeiro passo importante neste caminho.

A Conferência Sindical dos Países Balcânicos e Danubianos que se desenrolou no início do mês de Novembro, em Sófia, sob a iniciativa da União Sindical Búlgara e sob a decisão do seu congresso, que se realizou no mês de Setembro deste ano, representa um novo passo no mesmo caminho.

Um representante do Conselho Internacional dos Sindicatos de Moscovo participa nesta primeira conferência das Uniões Sindicais dos Países Balcânicos e Danubianos.

Aquando da participação dos delegados da Jugoslávia, da Roménia e da Bulgária e do acordo formal dado pela Confederação do Trabalho Grega, cujos delegados foram impedidos de vir a Sófia pelas eleições legislativas marcadas para o mesmo período, a primeira Conferência Sindical Balcânica e Danubiana examinou sob todos os aspectos o actual estado do movimento sindical mundial, e nomeadamente dos países balcânicos e danubianos, verificou com satisfação que o social-patriotismo nos sindicatos dos países balcânicos foi esmagado e que a Federação de Amesterdão não ficou com nenhum suporte da parte do proletariado, e traçou unanimemente, e dentro do espírito do programa do Conselho Internacional e das teses da Internacional Comunista sobre o movimento sindical, as linhas de princípio da luta geral pela ditadura do proletariado dos sindicatos dos países balcânicos e danubianos no período histórico actual(1).

A Conferência estabeleceu igualmente as relações de organização indispensáveis, ligadas à criação de um secretariado sindical provisório balcânico-danubiano, em Sófia, a par da Federação Comunista Balcânica e Danubiana, enquanto órgão do Conselho Internacional dos Sindicatos. Este secretariado provisório, cuja direcção foi confiada directamente à União Sindical Búlgara, que assume os encargos do Conselho Internacional no que toca aos países balcânicos e danubianos, contribuirá para o reagrupamento revolucionário dos sindicatos destes países, em nome da luta pela ditadura do proletariado.

A obra desenvolvida pela Conferência é de uma imensa importância para as eminentes lutas revolucionárias de classe do proletariado nos Balcãs. Esta obra está colocada sobre base sólida e deve apenas ser consolidada e acabada.

A Frente Proletária Revolucionária Unida alia-se e consolida-se contra a união das classes burguesas dos países balcânicos e danubianos, que se efectua sob a égide do imperialismo aliado e para os fins da contra-revolução, por intermédio da chamada Pequena Entente.

As massas operárias de base estendem-se fraternalmente a mão e deitam uma ponte sobre o abismo criado entre os povos balcânicos e danubianos pelas guerras nacionalistas, pelas conquistas das suas classes burguesas e pelo imperialismo dos países capitalistas europeus.

Efectuou-se assim um novo grande passo decisivo para a frente, em direcção à vitória definitiva da revolução proletária internacional.


Notas de rodapé:

(1) As resoluções da Conferência serão publicadas nos próximos números deste jornal. (retornar ao texto)

Inclusão 15/10/2014