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Até à grande guerra imperialista que estalou em Agosto de 1914, as Uniões Sindicais Gerais dos diversos países estavam unidas à escala internacional por intermédio da União Sindical Internacional, com sede em Berlim e que era dirigida pelo social-patriota Léguine, presidente dos sindicatos operários alemães, conhecido pelos operários búlgaros por ter visitado Sófia na primavera de 1914, a fim de nos unir com os «socialistas» de direita.
Por toda a parte os sindicatos nacionais possuíam os seus secretariados ou federações profissionais internacionais, participando na composição da União Sindical Internacional. Mas o oportunismo tinha tomado por completo a mó de cima, tanto no seio da Segunda Internacional socialista como na Direcção da União Sindical Internacional.
A solidariedade internacional, tão ruidosamente manifestada nos diversos congressos e conferências internacionais, não é, na realidade, mais que uma palavra oca. A política dos sindicatos na maior parte dos países, tanto na Alemanha e na Áustria como na Inglaterra, Itália, França e América é um facto profundamente imbuído de egoísmo profissional e de social-chauvinismo, inteiramente submetido à política de conquista dos imperialistas desses países.
A grande guerra imperialista revelou em larga medida essa característica da União Sindical Internacional e dos sindicatos de massa que a ela se encontram ligados.
Em vez de exprimir a solidariedade internacional dos proletários organizados nos sindicatos do mundo inteiro contra a guerra imperialista, a União Sindical dividiu-se imediatamente, após a abertura das hostilidades, em dois campos opostos — um, representando os países da Entente, o outro, as potências aliadas da Europa central.
Os sindicatos da Alemanha e da Áustria, tal como os dos países da Entente, puseram-se inteiramente ao serviço dos imperialistas dos seus países para servir os fins da guerra. Proclamaram «a paz civil», intensificaram a produção de material e investiram os recursos líquidos dos sindicatos, que se elevavam a milhões e que os operários tinham reunido no decurso de numerosos anos para lutar contra o capitalismo, nos Empréstimos internos do Estado, para a exterminação mútua do proletariado nos campos de batalha.
Os dirigentes venais do movimento sindical, Léguine (Alemanha), Huber (Áustria), Jouhaux (França), Appleton (Inglaterra) e Gompers (América), foram os maiores propagadores da continuação da carnificina sangrenta, os agentes e os colaboradores mais fiéis dos tubarões imperialistas nos seus países.
E pode afirmar-se ousadamente que, se os imperialistas não tivessem conseguido, por intermédio dos líderes sindicais traidores, atrelar ao seu carro os sindicatos, a guerra não teria em nenhum caso podido tomar uma tal envergadura e durar tanto tempo.
Mas a guerra imperialista mundial inaugurou a época da revolução proletária mundial, cujo primeiro triunfo foi a Grande Revolução de Outubro e o estabelecimento da ditadura do proletariado na imensa Rússia, povoada por tantos milhões de habitantes.
Os imperialistas da Entente compreenderam imediatamente que a sua vitória na guerra é uma vitória à Pirro e que a revolução proletária em marcha ameaça seriamente o domínio do capitalismo e, lenta mas seguramente, se torna no seu coveiro.
Mas, mesmo assim, para levar a cabo uma guerra que durou quatro anos, os imperialistas utilizaram largamente os pérfidos líderes operários e os sindicatos de massa colocados sob a sua direcção, vendo também aí um sólido apoio, no momento presente, face ao espectro da revolução, e fundam as suas esperanças em desviar o proletariado da via da revolução proletária, aniquilando o seu ninho — a Rússia Soviética.
Fundaram um Secretariado do Trabalho especial, junto da «Liga das Nações», enquanto os seus agentes social-patriotas tentaram pôr de novo em pé a União Sindical Internacional, que levaram à derrocada na altura da guerra, transferindo a sua sede para Amesterdão, e chamando-lhe Federação Internacional dos Sindicatos de Amesterdão.
Hoje, é precisamente esta federação que é, de facto, o último apoio do imperialismo na sua luta contra a Revolução Proletária. Tenta conservar as massas operárias sob a influência da democracia burguesa, isto é, dos imperialistas, e retirá-las da luta pela ditadura do proletariado. Esta federação «internacional» dispende todos os esforços para colocar de novo o movimento sindical no caminho da luta pelas reformas insignificantes e transformá-la num tampão da contra-revolução imperialista.
Mas em vão! Os sindicatos de todos os países passam rapidamente à etapa revolucionária e não só não se limitam apenas a colocar-se resolutamente, por meio do apoio activo que lhe prestam, ao lado da Rússia Soviética e contra o imperialismo, como ainda se dão conta, cada vez mais, de que o desmoronamento da burguesia pela força e o estabelecimento da ditadura do proletariado são a única saída possível para a situação actual, intolerável, que existe nos seus próprios países.
Moscovo, vermelha e revolucionária, com a sua Internacional Comunista e o Conselho Internacional dos Sindicatos Operários, criado aquando aquela, eleva-se como um poderoso centro de reagrupamento do proletariado combatente do mundo inteiro, contra a Amesterdão amarela, traidora e contra-revolucionária.
E enquanto cada dia os sindicatos de massa escapam à influência de Amesterdão, apenas no espaço de cinco meses, desde a sua criação, o Conselho Internacional de Moscovo conta hoje com cerca de dez milhões de operários sindicalizados e reagrupa, todos os dias, novas massas operárias e organizações profissionais sob a sua bandeira revolucionária.(1)
O proletariado de todos os países, organizado nos sindicatos, está colocado diante do seguinte dilema: Moscovo ou Amesterdão, o que noutros termos significa: o trabalho ou o capital; a revolução ou a contra-revolução; o imperialismo ou o comunismo libertador.
Será possível que alguém duvide que o proletariado de todos os países escolherá Moscovo e se declarará contra Amesterdão? Só duvida disto quem não conhece a marcha histórica inelutável dos acontecimentos, quem não creia no futuro do proletariado.
Moscovo vencerá infalivelmente Amesterdão. E esta vitória garantirá precisamente o triunfo definitivo da revolução proletária mundial sobre o capitalismo e o imperialismo. O proletariado búlgaro, unido no seio da União Geral dos Sindicatos Operários e sob a bandeira do Partido Comunista, trabalha igualmente para a sua mais rápida realização. É neste mesmo sentido que cooperam também as uniões sindicais dos outros países balcânicos e danubianos, que, em conjunto com a União dos Sindicatos Búlgaros, já formaram um Secretariado Sindical Geral em Sófia, como órgão do Conselho Internacional dos Sindicatos, sob a direcção da III Internacional Comunista — estado-maior revolucionário geral da revolução proletária mundial.
Notas de rodapé:
(1) A tese apresentada por Dimitrov poria os cabelos em pé a qualquer revisionista moderno. Em princípio ela parece representar uma cisão no movimento operário, com a consequente debilitação de forças. No entanto, como é evidente, o que está em jogo é a correcta condução política do proletariado na sua luta pela conquista do poder político, o que exige que o espírito estreito, corporativo e profissional, seja ultrapassado (N. P.) (retornar ao texto)
Inclusão | 04/01/2015 |