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Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
Uma insólita reunião acontecera no Capitólio dos Estados Unidos entre um grupo de legisladores da direita fascista desse país e líderes da direita oligárquica e golpista da América Latina. Ali se falou do derrubamento dos governos da Venezuela, da Bolívia, do Equador e da Nicarágua.
O fato aconteceu poucos dias antes do encontro de Ministros de Defesa dos países do hemisfério, em Santa Cruz, na Bolívia, onde o presidente Evo Morales pronunciou sua enérgica denúncia em 22 de novembro.
Mas não se tratava de uma campanha midiática caluniosa ―algo habitual na política imperialista―, senão de uma atividade conspirativa que, com certeza, conduziria na Venezuela a um inevitável derramamento de sangue.
Pela experiência vivida ao longo de muitos anos, não albergo a menor dúvida do que aconteceria na Venezuela se Chávez fosse assassinado. Não haveria que partir de um plano prévio contra o Presidente; bastaria um alucinado, um consumidor habitual de drogas, ou a violência desatada pelo narcotráfico nos países da América Latina, para produzir na Venezuela um problema extremamente grave. Analisando o fato do ponto de vista político, as atividades e os hábitos da oligarquia reacionária proprietária de poderosos meios de informação, encorajada e financiada pelos Estados Unidos, conduziria inevitavelmente a choques sangrentos nas ruas venezuelanas, como são as intenções claras da oposição venezuelana, semeadora de ódio e atos de violência a olhos vistos.
Guillermo Zuloaga ―proprietário de um canal de televisão opositor à Revolução Bolivariana e prófugo da justiça venezuelana―, é um dos conspiradores que participou da reunião de congressistas convocada por Connie Mack e Ileana Ros-Lehtinen ―de origem cubana e filiação batistiana―, conhecida por nosso povo como a “loba feroz” por sua conduta repugnante aquando do seqüestro de Elián González e sua negativa de entregar o menino a seu pai. A congressista republicana é um símbolo do ódio e do ressentimento contra Cuba, a Venezuela, a Bolívia e os demais países da ALBA; quase com toda certeza o Congresso dos Estados Unidos a elegerá Presidenta do Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes; foi defensora do governo golpista de Honduras, rejeitado pela maioria dos países da América.
O Governo Bolivariano da Venezuela estava perante um grave e provocador desafio. Era um tema realmente delicado. Perguntava-me qual seria a reação de Chávez. A primeira resposta enérgica partiu de Evo Morales em seu brilhante e sentido discurso que nosso povo já conhece hoje. Há dois dias, na terça-feira 23, foi anunciado que Chávez abordaria o tema na Assembléia Nacional.
O ato foi convocado para as 17h00 e começou quase exatamente à hora marcada. Os discursos ali pronunciados foram enérgicos e precisos. Todas as atividades decorreram em apenas duas horas e alguns minutos. Os venezuelanos tinham tomado o problema bem em sério.
Chávez começou mencionando os nomes de numerosas pessoas presentes e, depois de brincar com a nova campeã mundial de Katá e o jogo entre dois times profissionais de Beisebol, entrou progressivamente em matéria:
“…vou, na verdade, na verdade, na verdade, ser breve. Foi dito, digam-me, esse documento que foi lido pelo deputado Roy, obrigado Roy, Roy Daza, por essa leitura; esse documento, não só em defesa da Venezuela, como aqui já foi dito, Eva o disse. Não, estamos saindo em defesa da pátria humana; a gente poderia dizer, inclusive, em defesa da possibilidade humana.
“Trouxe uns livros […] Este foi o mesmo exemplar, já está um pouquinho desgastado, que ergui lá, nas Nações Unidas, Chomsky, Hegemonia ou sobrevivência —continuo recomendando este livro—: A estratégia imperialista dos Estados Unidos, Noam Chomsky. Eva o mencionava e nos lembrava a este grande do pensamento crítico, do pensamento criador, da filosofia, da luta pela humanidade.
“Eis a continuação deste, Estados falidos: o abuso de poder e o ataque à democracia. Aqui, nada mais e nada menos, Chomsky coloca a tese de que o primeiro Estado falido neste mundo é o Estado estadunidense, um Estado falido, uma verdadeira ameaça para todo o planeta, para todo o mundo, para a espécie humana.”
“Aqui tem uma parte da entrevista, das conversações, onde Chomsky faz reflexões acerca da América Latina e sobre a Venezuela, de maneira muito valente, muito objetiva e generosa, defendendo nosso processo revolucionário, defendendo nosso povo, defendendo o direito que temos e estamos exercendo, de dar-nos nosso próprio caminho, como todos os povos do mundo têm, e o império ianque tem desconhecido este direito e pretende desconhecê-lo.
“No mesmíssimo capitólio federal —acho que o chama—, na mesmíssima Washington se reuniu, foi instalada uma cúpula de terroristas; uma cúpula, uma patota —diriam os argentinos, e também os venezuelanos falamos patota—, uma verdadeira patota de delinqüentes, trapaceiros, terroristas, ladrões, malandros, reuniram-se, e, além disso, aprovados por ‘prestigiosas’ figuras do estabelecimento, do establishment, não só das correntes da extrema direita republicana, mas também do Partido Democrata, e lançaram —como já foi dito aqui, Eva o disse, também Roy no maravilhoso documento que leu, um documento de Estado, um documento nacional— abertamente uma ameaça contra a Venezuela, contra os países e os povos da Aliança Bolivariana.
“Saudamos desde aqui a Evo Morales, valente companheiro, camarada, e ao povo da Bolívia.
“Saudamos desde aqui a Rafael Correa, valente companheiro, camarada, e ao povo equatoriano.
“Saudamos desde aqui a Daniel Ortega, esse comandante presidente, valente companheiro, camarada, e ao povo da Nicarágua.
“Saudamos desde aqui a Fidel Castro, a Raúl Castro e a esse valente povo cubano.
“Saudamos desde aqui a todos os povos do Caribe, a Roosevelt Skerrit e ao povo de Dominica, valentes líderes; São Vicente e as Granadinas; Ralph Gonçalves, Spencer, aos povos da ALBA, da Aliança Bolivariana, a seus governos, aos nossos governos, e, é claro, desde aqui ao povo bravio da Venezuela, nosso compromisso e nosso apelo à unidade e a continuar batalhando pelo futuro da pátria, pela independência, cuja ata original —já o disse nossa presidenta Cilia— aí está, a ata original que data de 200 anos.
“Estamos entrando já em 2011, preparemo-nos de todos os pontos de vista: espiritual, político, moral, para comemorar os 200 anos daquele primeiro Congresso, daquela primeira Constituição, a primeira da América Latina, daquele nascimento da Primeira República, o nascimento da pátria venezuelana, muito mais que em 5 de julho, é todo 2011, e o início da guerra revolucionária de independência que comandou primeiro Miranda, depois Bolívar e os grandes homens e mulheres que nos deram pátria.
“O documento que lia Roy Daza começa fazendo citação de uma frase de Bolívar em carta ao agente Irving, um agente estadunidense que veio aqui para reclamar aqueles navios que Bolívar e suas tropas apreenderam no Orinoco porque os Estados Unidos enviavam armas e apetrechos.
“Não é novo, Eva, não é novo tudo isso que você denuncia aí, de enviar milhões de dólares, apoio logístico. Não. Desde essa época o governo dos Estados Unidos enviava armas e apetrechos às tropas imperialistas da Espanha. E é famoso. Assim o recolheu em parte esse bom escritor cubano, Francisco Pividal, em outro livro que não deixo nunca de recomendar: Bolívar, pensamento precursor do antiimperialismo. Lê-se de uma vez. E tema í um conjunto de citações extraordinárias. Você já sublinhava uma.
“Mas em alguns trechos de algumas dessas cartas de Bolívar a Irving —acho que foi a última que ele lhe enviou—, quando já Irving começa a ameaçá-lo com o uso da força, Bolívar lhe diz: não vou cair na provocação, nem cem essa linguagem. Só desejo dizer-lhe, senhor Irving —por aí está escrito, vou parafrasear, porque é a idéia, é a dignidade de nosso pai Bolívar o que se impõe, o que importa nesta sala plena de magia, plena de símbolos, plena de pátria, plena de sonhos, plena de esperança, plena de dignidade—, disse-lhe Bolívar: Saiba, senhor Irving, que mais da metade ou a metade —era 1819, já tinha decorrido quase uma década de guerra a morte— ou quase a metade dos venezuelanos e venezuelanas morreu na luta contra o império espanhol, a outra metade dos que cá ficamos estamos ansiosos de seguir esse mesmo caminho se Venezuela tivesse que enfrentar o mundo inteiro por sua independência, por sua dignidade.
“Esse era, esse é Bolívar, e aqui estamos seus filhos, suas filhas, Maria, dispostos a fazer a mesma coisa. Saiba o mundo, estamos dispostos a fazer a mesma coisa. Se o império ianque, com todo seu poderio, do qual não nos rimos, não, é preciso levá-lo em conta —como bem nos recomenda Eva—; decidisse agredir, continuar agredindo e agredir abertamente Venezuela para tentar deter esta revolução, cá estamos dispostos, saiba, senhor império e suas personificações, que aqui estamos dispostos a fazer a mesma coisa: a morrer todos por esta pátria e sua dignidade!
“Haveria que se perguntar, essa reunião de cúpula de terroristas que se reuniu em Washington, alguns venezuelanos, bolivianos, instrumentos de genocídio —como se perguntava ontem um bom jornalista em uma entrevista— seria bom saber quê passaporte estão usando esses delinqüentes, por onde entraram, se alguns deles estão no código vermelho da INTERPOL. Chegaram muito fácil, e chegam e passeiam pelas ruas de Washington, são bem tratados. Por isso tem razão Noam Chomsky. Repito com Noam Chomsky: O Estado estadunidense é um Estado falido que age mais além das leis internacionais, não respeita absolutamente nada e se sente, também, com direito a fazê-lo, não responde perante ninguém. É uma ameaça não só para a Venezuela e para os povos do mundo, senão para seu próprio povo, povo que é agredido permanentemente por esse Estado antidemocrático.
“Vejam aqui, apenas um resumo. Wikileaks, familiar, não é?
“O quê dirá esta senhora representante, fascista, que nos chama a nós, a Evo, a Correa e a mim, foragidos? Foragida ela, é uma foragida que bem pudesse um tribunal venezuelano solicitar extradição dessa foragida por estar cometendo delitos e conspirando, e muitos outros, contra a soberania do nosso país. É uma foragida. Só resta desmascará-la perante o mundo; é o que resta, e aos foragidos.
“O quê dirão esses foragidos, sobre isto, por exemplo?
“Leio:
“‘O quê dirá o Parlamento estadunidense sobre estes relatórios, sobre estes documentos que eram secretos e agora têm sido publicados nesta página Wikileaks? O quê significará Wikileaks? Assim como Chávez Candanga.
“‘Em 15 de março de 2010, Wiki Candanga publicou um relatório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no qual tratava várias filtrações protagonizadas por esta Web relacionadas com interesses estadunidenses e propunha diversas vias para marginalizá-la: vídeo de assassinatos de jornalistas.’ Eis alguns dos documentos, são públicos. Seria bom ver se alguma autoridade nos Estados Unidos toma alguma iniciativa perante esses delitos, ou esses supostos delitos, não é? Não sou juiz para determiná-lo, supostos delitos graves cometidos por cidadãos de seu país, civis, militares; por seu governo.
“Leio: ‘No dia 5 de abril de 2010, Wikileaks publicou um vídeo no qual se vê como soldados estadunidenses assassinam o repórter de Reuters, Namir Noor-Eldeen, a seu ajudante e mais nove pessoas. Vê-se claramente que ninguém dos presentes fazia fintas de ataque ao helicóptero Apache do qual lhes disparavam. Ainda que a agência Reuters solicitasse em numerosas ocasiões o vídeo, foi-lhe negado até que Wikileaks conseguiu este vídeo inédito que pôs em xeque o aparelho militar dos Estados Unidos.’
“Bom, pôs em xeque é fala, né? Pelo menos moralmente.
“Mais uma vez, o quê dirão as Nações Unidas? O quê se passaria se isso acontecesse em alguns dos países da ALBA? O quê se passaria? O quê dirá a OEA, o quê dirá o Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Conselho de Direitos Humanos? O quê dirá a tristemente célebre Corte Internacional de Direitos Humanos? Para que vejamos a dupla rasoura com que se medem aqui os direitos humanos, o respeito à vida, o terrorismo e todos esses fenômenos.
“Diários de guerra do Afeganistão, 25 de julho de 2010, foram também publicados. Registros da guerra do Iraque. Reparem nesta frase: ‘Em 22 de outubro de 2010’—há poucos dias— ‘Wikileaks tornou público em sua página Web um compêndio denominado Documento da guerra no Iraque, que contém 391 831 documentos filtrados, desde o Pentágono, sobre a guerra do Iraque e sua ocupação, entre 1 de janeiro de 2004 e 31 de dezembro de 2009, nos quais se revelam, entre outros assuntos, o uso sistemático de torturas, a cifra de 109 032 mortos no Iraque, dos quais 61 081 foram civis, 63%; 23 984 'inimigos etiquetados como insurgentes', 15 196 chamados do país anfitrião.’ Que maneira de visitar um país! ‘E 3 771 mortos 'amigos', força da coligação. Os documentos revelam que cada dia morreram 31 civis como média durante um período de seis anos.’
“Quem investiga isto? Quem responde por isto? Não, é o império, é o falido Estado norte-americano. Leio esta frase: ‘Estes documentos que estão ordenados cronologicamente e por categorias descrevem ações militares mortais que afetam o exército dos Estados Unidos, incluindo o número de pessoas assassinadas, feridas o detidas como resultado dessas ações, bem como a localização geográfica precisa de cada acontecimento; além disso, detalha as unidades militares implicadas e as armas utilizadas.’ Suficientes detalhes para uma investigação.
“O quê dirá o Congresso dos Estados Unidos sobre isto? Lá está nosso embaixador em Washington. Você ainda é embaixador lá? Sim, você é embaixador. Que saibamos aqui não se disse nada, não é?
“Aqui diz: ‘A maioria das entradas do diário foram escritas por soldados e membros dos Serviços de Inteligência, que escutavam os relatórios transmitidos por rádio desde a frente de combate.
“‘Vítimas civis provocadas pela força da coligação. Ao mesmo tempo’, diz aqui, ‘foi publicado um grande número de ataques e mortes, como resultado dos disparos das tropas contra condutores desarmados, perante o temor de que esses fossem terroristas suicidas.
“‘Um relatório detalha como uma criança foi assassinada e outra resultou ferida quando o auto no qual viajavam recebeu os disparos das tropas. Em compensação por este ataque foi pagado a seus familiares 100 000 afganis pelo menino morto, 1 600 euros.’ O capitalismo paga, 20 000 afganis, 335 euros pelo ferido e 10 000 afganis, 167 euros pela viatura. E a tudo isso lhe chamam nos relatórios, aqueles que o redigem, ‘pequenas tragédias’, ‘pequenas tragédias’. Esta é a grande ameaça, a maior ameaça que hoje vive o planeta.
“O império ianque, sem dúvida, entrou em uma fase de declínio político, econômico e, sobretudo, ético; mas quem pode negar seu grande poderio militar, que, combinando esses fatores, converte este, o mais poderoso império da história da Terra, em uma ameaça muito maior para nossos povos. O quê nos resta? Já foi dito também: unidade, unidade e mais unidade.
“O quê vai fazer o Congresso dos Estados Unidos a partir de janeiro, um Congresso de extrema direita? Bom, o Parlamento venezuelano a partir de 5 de janeiro deve ser de extrema esquerda.
“E faço um apelo para os deputados e deputadas eleitos pelo povo, pelos movimentos populares, os movimentos sociais, os partidos da revolução, têm um grande compromisso a partir do 5 de janeiro.
“É na verdade inaudito, e Eva nos lembrou isso. Como é que aqui se continua permitindo que a gente, tendo esta Constituição —quanto custou, quantos anos de batalha, quanto suor, quanto sangue, quantos esforços; cá está bem claramente estabelecido, também está ali na primeira Constituição, a primeira ata de independência e nossa primeira Constituição, somos um país soberano—, a risco de que nos chamem outra vez ‘a pátria boba ou a revolução boba’, ou se quisermos ser muito mais populares na palavra ‘a revolução pentelha’; como é que a gente vai permitir que partidos políticos, ONGs, personalidades da contra-revolução continuem sendo financiados com milhões e milhões de dólares do império ianque e andem por aí fazendo uso da plena liberdade para abusar e violar nossa Constituição e tentar de desestabilizar o país? Imploro que seja feita uma lei bem severa para impedi-lo. Essa deve ser a forma como a gente deve responder à agressão imperial, à ameaça imperial, radicalizando posições, não afrouxando absolutamente nada, ajustando posições, afincando o passo, consolidando a unidade revolucionária. Não apenas um Parlamento, muito mais à esquerda, muito mais radicalmente à esquerda, precisamos de um governo muito mais radicalmente à esquerda, uma força armada, general Rangel —general em chefe, que o ascenderemos finalmente no sábado, que é 27 de novembro, Dia da Força Aérea—, muito mais radicalmente revolucionária, junto do povo.
“Não deve existir cabimento em nossas fileiras civis, militares, para palavras vagas. Não, uma só linha: radicalizar a revolução! E isso o tem que sentir essa grosseira burguesia apátrida, deve senti-lo! Essa burguesia venezuelana, sem-vergonha e sem pátria, deve sentir, deve saber que não é gratuito que um dos seus mais conotados representantes vá no mesmíssimo Congresso do império a arremeter contra a Venezuela e que continue tendo aqui um canal de televisão. E assim por diante, e assim desse jeito! A burguesia venezuelana deve saber que vai-lhe custar cara a agressão contra o povo, e não andar se passeando por aí.
“Lembro —aí está José Vicente Rangel, Maduro e companheiro, obrigado por nos acompanhar— quando no governo de Betancourt, inclusive foram apreendidos, sem julgamento prévio nem fórmula prévia, deputados dos partidos de esquerda, sem prova alguma os meteram na cadeia, tiraram-lhes a imunidade parlamentar.
“Dentro de poucas semanas ingressará neste recinto um grupo de deputados da extrema direita. Bom, apenas é preciso lembrar-lhes que aqui existe uma Constituição. Assim como foi ilegalizado aqui, em seu momento, o Partido Comunista da Venezuela, e muitos outros partidos, e a muitos deputados lhes retiraram a imunidade parlamentar, mesmo sem provas, outros foram para a montanha, como o grande Fabricio Ojeda, que renunciou a sua cadeira e foi para a montanha para dar o sangue pela revolução e pelo povo. Imagino que este digno Parlamento não aceitará, tendo a representação majoritária das forças populares, que aqui venha a força da ultra direita a tentar subverter a ordem constitucional. Suponho que o Estado, tenho a certeza de que o Estado ativará todos os mecanismos em defesa da Constituição e da lei perante as agressões que não se deixarão esperar.
“Em resumo, a ameaça... Como é que chamaram o evento dos terroristas? ‘Ameaça nos Andes’, né?, Nicolás; Perigo nos Andes, é como o título de um filme, Perigo nos Andes; aliás, haveria que advertir ou alertar o perigo no mundo, o perigo é mundial.
“mesmo agora tem uma situação, nestes momentos, lá na Península da Coréia. Quando eu vinha para cá ainda as notícias eram confusas, como confuso foi o afundamento daquele navio da Coréia do Sul, o Cheonan; mas depois surgiram evidências de que essa nave foi afundada pelos Estados Unidos. Agora em uma pequena ilha, naquela península dividida pelo império ianque, invadida, arrasada durante anos, existe uma situação de tensão, umas bombas, uns mortos e uns feridos.
“Fidel Castro leva vários meses alertando acerca dos graves riscos de uma guerra nuclear. Há pouco estive lá, mais uma vez, e me explicava, desenvolvia seu pensamento —já bastante o conhecemos, é claro, não há nada melhor que dialogar— e me dizia: ‘Chávez, qualquer teco ali nessa zona, cheia de armas de destruição maciça, de armas atômicas, pode escalar para uma guerra, que pudesse ser, primeiro, convencional...’; mas ele está convencido de que vai direto a uma guerra nuclear, que pudesse marcar o fim da espécie humana. Portanto, não é o perigo nos Andes, esquálidos de Washington; o perigo é mundial.
“Cá na Venezuela, como Eva dizia, acendeu-se uma luz, e na América Latina acendeu outra, acendeu outra e acenderam outras. Hoje podemos dizer —não Venezuela; não—: América Latina é o continente da esperança e o império ianque não pode fechar as portas da esperança.
“A nós, aos venezuelanos e venezuelanas, sempre nos coube, por alguma razão, ou por algumas razões de diferentes sinais, estar na vanguarda dessas lutas, há séculos.
“Vejo lá o retrato de Miranda, de Bolívar, e lá Martín Tovar e Tovar, Carabobo, e tudo isso Roy o lia e o dizia com paixão: Cá está, em nossos genes, em nosso sangue. Parafraseou Mao, o grande timoneiro.
“Esse império, esse Estado falido que são os Estados Unidos, apesar de seu imenso poder, de suas ameaças, vai terminar sendo um gigantesco tigre de papel e nós somos obrigados a nos converter em verdadeiros tigres de aço, pequenos tigres de aço, invencíveis, indomáveis.
“Senhora Presidenta, prometi ser breve, e o disse no começo, e o repito: Acho que tudo o que aqui devia ser dito, foi dito entre Eva Golinger, a valente mulher, e este valente cavaleiro deputado Roy Daza, recolhido nesse documento que agora entendo que vai circular pelos quatro cantos da Venezuela, e mais além, pela América Latina.
“Agradeço o convite a este ato; agradeço o gesto, e só, como mais outro, junto-me a este gigantesco batalhão, por assim dizer, em defesa da Venezuela, em defesa da pátria venezuelana.
“Olhando o quadro, mais do que um quadro, a obra monumental de Tovar e Tovar, a gente enxerga lá a infantaria, e enxerga lá a cavalaria. Inspiremo-nos ali: Infantaria, baionetas caladas, a passo redobrado! Cavalaria, ao galope, em defesa da pátria bolivariana, da Aliança Bolivariana de nossos povos!
“Abaixo o império ianque!”, exclamou finalmente, e vivas à ALBA, à Pátria e à Revolução.
Não há a menor dúvida de que Chávez, um homem de profissão militar, porém muito mais apegado à persuasão e ao diálogo do que à força, não hesitará para impedir que a direita pró imperialista e anti patriótica lance venezuelanos enganados contra a força pública para ensangüentar as ruas da Venezuela.
Na Bolívia e na Venezuela a máfia imperialista tem recebido uma resposta tão clara e enérgica que talvez não imaginava.
Fidel Castro Ruz
25 de novembro de 2010
18h34