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Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
A reunião de Costa Rica não conduzia nem podia conduzir à paz. O povo de Honduras não está em guerra, só os golpistas usam as armas contra esse povo. A eles é que se deveria exigir o cessar da sua guerra contra o povo. Tal reunião entre Zelaya e os golpistas só serviria para desmoralizar o Presidente Constitucional e desgastar as energias do povo hondurenho.
A opinião pública internacional sabe o que aconteceu nesse país através das imagens difundidas pela televisão internacional, sobretudo através de Telesur, que sem perder um segundo transmitiu fielmente cada um dos acontecimentos em Honduras, os discursos proferidos e os acordos unânimes das organizações internacionais contra o golpe.
O mundo pôde constatar as pancadas descarregadas sobre os homens e mulheres, os milhares de gazes lacrimogêneos lançados contra a multidão, os gestos grosseiros com armas de guerra e tiros para intimidar, ferir ou assassinar os cidadãos.
É absolutamente falsa a idéia de que o embaixador dos Estados Unidos em Tegucigalpa, Hugo Llorens, ignorasse ou desencorajasse o golpe. Já ele sabia disso, como também o sabiam os assessores militares norte-americanos que não cessaram um minuto sequer de treinar às tropas hondurenhas.
Hoje se sabe que a idéia de promover uma gestão de paz a partir de Costa Rica surgiu nos gabinetes do Departamento de Estado, para contribuir à consolidação do golpe militar.
O golpe foi concebido e organizado por personagens sem escrúpulos da extrema direita, que foram funcionários de confiança de George W. Bush e que tinham sido promovidos por ele.
Todos, sem exceção, possuem um grande expediente de atividades contra Cuba. Hugo Llorens, embaixador em Honduras desde meados de 2008, é cubano-americano. Faz parte do grupo de embaixadores agressivos dos Estados Unidos na América Central, constituído por Robert Blau, embaixador em El Salvador, Stephen McFarland, na Guatemala, e Robert Callahan, na Nicarágua, todos nomeados por Bush nos meses de julho e agosto de 2008.
Os quatro seguem a linha de Otto Reich e John Negroponte que junto de Oliver North foram responsáveis da guerra suja contra a Nicarágua e dos esquadrões da morte na América Central que cobraram dezenas de milhares de vidas na região.
Negroponte foi representante de Bush nas Nações Unidas, Tzar da inteligência Norte-americana, e finalmente subsecretário de Estado. Tanto ele quanto Otto Reich, por diversas vias, estiveram por trás do golpe de Honduras.
A base de Soto Cano naquele país, sede da Força de Missão Conjunta Bravo" que pertence às Forças Armadas dos Estados Unidos, é o suporte principal do golpe de Estado em Honduras.
Os Estados Unidos têm o criminoso plano de criar mais cinco bases militares ao redor da Venezuela, sob o pretexto de substituir à de Manta no Equador.
A insensata aventura do golpe de Estado em Honduras tem criado uma situação realmente complicada na América Central que não se resolve com armadilhas, enganos e mentiras.
Diariamente sabe-se de novos detalhes da implicação dos Estados Unidos nessa ação, que também terá uma séria repercussão em toda a América Latina.
A idéia de uma iniciativa de paz a partir da Costa Rica foi transmitida ao Presidente daquele país desde o Departamento de Estado quando Obama estava em Moscou e declarava em uma universidade russa que o único Presidente de Honduras era Manuel Zelaya.
Os golpistas estavam em dificuldades. A iniciativa transmitida a Costa Rica tinha por objetivo salvá-los. É óbvio que cada dia de atraso tem um custo para o Presidente Constitucional propenso a diluir o extraordinário apoio internacional que tem recebido. A manobra ianque não incrementa as possibilidades de paz, antes pelo contrário, as diminui, e o perigo de violência cresce, visto que os povos da nossa América jamais se resignarão ao destino que lhes programaram.
Com a reunião da Costa Rica questiona-se a autoridade da ONU, da OEA e do resto das instituições que comprometeram seu apoio ao povo de Honduras.
Quando Micheletti, Presidente de facto, proclamou ontem que está disposto a renunciar a seu cargo, caso Zelaya renuncia-se, ele já sabia que o Departamento de Estado e os militares golpistas tinham combinado substituí-lo e enviá-lo novamente ao Congresso como parte da manobra.
A única coisa correta neste momento é demandar do governo dos Estados Unidos que cesse sua intervenção, que deixe de oferecer apoio militar aos golpistas e retire de Honduras sua Força de Missão.
O que se pretende exigir ao povo de Honduras em nome da paz, é a negação de todos os princípios pelos quais lutaram todas as nações deste hemisfério.
"O respeito ao direito alheio é a paz", disse Juárez.
Fidel Castro Ruz
16 de julho de 2009
13h12