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Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
Observei atenciosamente as reacções mediáticas do Ocidente sobre a minha reflexão do domingo sobre os Jogos Olímpicos na China. Factos sensíveis incluídos nela foram totalmente ignorados; outros aspectos eram exaltados ad líbitum pelos defensores da exploração e o saque do mundo.
Vejamos:
“Fidel Castro culpou hoje os juízes e a mafia do pobre rol da delegação cubana nos Jogos Olímpicos. Também justifica ao taekwondoca cubano Ángel Valodia Matos, suspenso de por vida por dar-lhe uma patada na cabeça ao árbitro, e lhe expressa a sua completa solidariedade.”
“O ex-Presidente cubano fez um apelo na segunda-feira para fazer uma profunda revisão do desporto em Cuba. Também expressou a sua solidariedade com um atleta suspenso de por vida junto do seu treinador por agredir a um juíz.”
“Castro exprimiu total solidariedade com o taekwondoca inabilitado de por vida por agredir a um árbitro e um juíz.”
“Castro, solidário com o taekwondoca cubano inabilitado por agressão.”
É longa a lista de paragrafos semelhantes. Foi o padrão de informação que divulgaram. Não esperava outra coisa.
Estava condenado, como os pugilistas cubanos, perante árbitros e juízes subornados, e sabia bem o que publicariam.
Da fome, da subalimentação, da carência de medicamentos, instalações e equipamentos desportivos que padece 80 por cento dos países que ali competiram não foi dita nem sequer uma palavra, como era de esperar.
Aplaudi o mérito do país que organizou os últimos Jogos Olímpicos. Não hesitei em reconhecer as extraordinárias qualidades dos atletas que atingiram sucessos. Apreciei as alegrias, as emoções e os aspectos humanos que transmitiram os premiados a milhares de milhões de pessoas. De maneira especial valorizei a mensagem de paz que encerra uma Olimpíada, perante o incessante espectáculo de matança, a destruição, o genocídio e o perigo real de extermínio que a espécie humana suporta cada dia.
O que não foi dito sobre Cuba:
As verdades não podem ser encobertas sob a anestesia e os fogos de artifício dos Jogos Olímpicos.
Cuba ocupou o quinto lugar por medalhas de ouro em Barcelona no ano1992, quando estávamos já em pleno período especial.
Nos últimos Jogos obtivemos ainda 24 medalhas entre ouro, prata e bronze, uma cifra maior que qualquer outro país da América Latina e as Caraíbas.
Não vacilemos em analisar objectivamente a nossa actividade desportiva e em nos preparar para futuras batalhas, sem esquecer, reitero, que “em Londres haverá chauvinismo europeu, corrupção arbitral, compra de músculos e cérebros, custo impagável, e uma forte dose de racismo”.
Quando escrevo estas linhas lembro que um ciclone, Fay, nos visitou em meio das Olimpíadas. À mesma hora em que chegava ontem a maior parte da nossa delegação, apareceu a notícia de que outro ciclone apontava directamente para as províncias orientais. Hoje a sua força é maior e está situada numa trajectória mais perigosa. É preciso fortalecer não só os músculos do corpo, mas também os do espírito.
Sorte que temos uma Revolução! É garantido que ninguém permanecerá esquecido. Se se perderem vidas, não serão centos de milhares, por uma maré cheia, como em Santa Cruz del Sur a 9 de Novembro de 1932, ou um Flora a 3 de Outubro de 1963,que inundou o coração das províncias do Leste de Cuba, sem uma só repressa reguladora como as actuais, que são além disso fontes de rega e água corrente. Uma forte, enérgica e previdente Defesa Civil protege a nossa população e lhe oferece mais segurança perante as catástrofes do que nos Estados Unidos. Nenhum perigo deve ser, porém, descartado.
Também não é preciso ficar distraídos. A freqüência e a intensidade crescentes destes fenómenos naturais demonstra que o clima muda por causa do homem. Os tempos exigem cada vez mais consagração, mais firmeza e mais consciência. Não interessa que os oportunistas e vende pátrias também sejam beneficiados sem contribuir em nada para a segurança e o bem-estar do nosso povo.