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Fonte: Fidel Castro Soldado de las Ideas - http://www.fidelcastro.cu/pt-pt/inicio
Transcrição e HTML: Fernando Araújo.
Durante a visita oficial do Presidente Hugo Chávez Frias a Cuba, ao completar o décimo aniversário de seu primeiro encontro com o povo cubano, realizou-se um amplo e profundo intercâmbio entre o Presidente da República Bolivariana da Venezuela e o Presidente do Conselho de Estado da República de Cuba, acompanhados de suas respectivas delegações. Ambos Chefes de Estado acordaram subscrever os seguintes pontos de vista:
Salientamos que a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) é a expressão mais acabada dos apetites de dominação sobre a região e que, de vigorar, seria um aprofundamento do neoliberalismo e criaria níveis de dependência e de subordinação sem precedentes.
Analisamos historicamente o processo de integração da América Latina e do Caribe, e constatamos que esse processo longe de responder aos objetivos de desenvolvimento independente e complementariedade econômica regional, serviu como um mecanismo para aprofundar a dependência e a dominação externa
Também constatamos que os benefícios obtidos durante as últimas cinco décadas pelas grandes empresas multinacionais, o esgotamento do modelo de substituição de importações, a crise da dívida externa e mais recentemente, a difusão das políticas neoliberais com uma maior multinacionalização das economias latino-americanas e caribenhas e com a proliferação de negociações para concluir acordos de livre comércio de natureza semelhante à ALCA, criam as bases que caracterizam o panorama de subordinação e retraso que hoje sofre a nossa região.
Portanto, rejeitamos com firmeza o conteúdo e os propósitos da ALCA e compartilhamos a convicção de que a chamada integração sobre bases neoliberais que ela representa, consolidaria o referido panorama e apenas conduziria à desunião ainda maior dos países latino-americanos, a uma maior pobreza e desesperação dos setores maioritários dos nossos países, à desnacionalização das economias da região e à subordinação absoluta às diretrizes desde o exterior.
Deixamos claro que se bem a integração é, para os países da América Latina e do Caribe, uma condição imprescindível para aspirar ao desenvolvimento no meio da crescente formação de grandes blocos regionais que ocupam posições predominantes na economia mundial, só uma integração baseada na cooperação, na solidariedade e a vontade comum de avançar todos unidos para níveis mais altos de desenvolvimento, pode satisfazer as necessidades e desejos dos países latino-americanos e caribenhos e, ao mesmo tempo, preservar a sua independência, soberania e identidade.
Coincidimos em que a Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA) proposta pelo Presidente Hugo Chávez Frias por ocasião da III Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Associação de Estados do Caribe, realizada na ilha de Margarita em dezembro de 2001, traça os princípios reitores da verdadeira integração latino-americana e caribenha baseada na justiça e nos comprometemos a lutar conjuntamente para fazê-la realidade.
Afirmamos que o princípio fulcral que deve nortear à ALBA é a solidariedade mais ampla entre os povos da América Latina e do Caribe que se baseia no pensamento de Bolívar, Martí, Sucre, O’Higgins, San Martín, Hidalgo, Petion, Morazán, Sandino e tantos outros próceres, sem nacionalismos egoístas nem políticas nacionais restritivas que neguem o objetivo de construir uma Pátria Grande na América Latina, segundo o sonharam os heróis das nossas lutas emancipadoras.
Nesse sentido, coincidimos plenamente em que a ALBA não poderá ser materializada com critérios mercantilistas nem interesses egoístas de ganho empresarial ou benefício nacional em prejuízo de outros povos. Apenas uma ampla visão latino-americanista, que reconheça a impossibilidade de que os nossos países se desenvolvam e sejam verdadeiramente independentes de maneira isolada, será capaz de conseguir o que Bolívar chamou de "ver formar na América a mais grade nação do mundo, menos pela sua extensão e riqueza que pela sua liberdade e glória", e que Martí concebera como a "Nossa América", para diferenciá-la da outra América, expansionista e de apetites imperiais.
Também exprimimos que a ALBA tem por objetivo a transformação das sociedades latino-americanas, tornando-as mais justas, cultas, participativas e solidárias e que, por isso, está concebida como um processo integral que assegure a eliminação das desigualdades sociais e encoraje a qualidade de vida e uma participação efetiva dos povos na construção de seu próprio destino.
Compartilhamos o critério de que, para conseguir os referidos objetivos, a ALBA deve guiar-se pelos seguintes princípios e bases cardinais:
No ano em que se comemora o 180 aniversário da gloriosa vitória de Ayacucho e da Convocação ao Congresso Anfictiónico de Panamá, que tentou abrir o caminho a um verdadeiro processo de integração dos nossos países, frustrado desde aquela altura, exprimimos a nossa convicção de que agora, finalmente, com a consolidação da Revolução Bolivariana e o fracasso indiscutível das políticas neoliberais impostas aos nossos países, os povos latino-americanos e caribenhos encontram-se no caminho da sua segunda e verdadeira independência. O surgimento da Alternativa Bolivariana para as Américas proposta pelo Presidente Hugo Chávez Frias é a sua melhor expressão.
Assinada em Havana, aos quatorze dias do mês de dezembro de dos mil e quatro.
Fidel Castro Ruz - Presidente do Conselho de Estado da República de Cuba
Hugo Chávez Frías - Presidente da República Bolivariana da Venezuela