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Fonte: Cuba Debate - Contra o Terrorismo Midiático
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
Ilustres personalidades e artistas;
Caros convidados:
É para mim uma honra o convite para inaugurar o Décimo Oitavo Festival Internacional de Balé de Havana e pronunciar algumas palavras, que obviamente serão muito breves.
Quando as luzes do teatro iluminem cada movimento e cada passo dos artistas, começará este importantíssimo evento, a que sempre comparece um público apaixonado e fiel, que o desfruta com entusiasmo e gratidão.
Nos mais tenebrosos dias da tirania batistiana, Alicia, Fernando e outros corajosos cubanos sustentaram com dignidade e honra o sonho, surgido em 1948, de criar, enfrentando obstáculos que pareciam intransponíveis, o Balé Alicia Alonso. Os valorosos jovens da Federação Estudantil Universitária lhes ofereceram, em seus momentos mais difíceis, apoio e desagravo.
A Revolução Cubana, desde os primeiros meses do triunfo, pôs os recursos disponíveis à disposição daquela companhia de dança, no intuito de que se desenvolvesse, se expandisse e crescesse. A excelência de Alicia, seu talento, sua tenacidade e seu exemplo, que inspiraram a gerações de brilhantes artistas, tornaram possível o milagre: a existência do Balé Nacional de Cuba, com qualidade e prestígio mundiais; o nascimento da Escola Cubana de Balé, síntese de universalidade, tradição, cubanismo e estilo próprio, reconhecida e aclamada em qualquer parte do planeta; a formação de novos e extraordinários valores e a possibilidade de realizar outros ambiciosos sonhos.
O primeiro destes festivais, que ocorreu em 1960, confirmou a vocação cultural, a identidade e a nacionalidade cubanas, embora nas circuntâncias mais adversas, quando grandes perigos e ameaças rondavam o país.
Desde então, já assistiram a esses encontros de dança 52 companhias e mais de mil convidados estrangeiros, incluindo bailarinos, coreógrafos, pedagogos, cenógrafos, compositores, diretores musicais e críticos. Em seus palcos se apresentaram 192 estréias mundiais, o que os converteu em uma verdadeira festa da dança, sustentada pelo grau de atração e prestígio de nosso balé.
O Balé Nacional de Cuba esteve presente nos momentos culminantes de nossas maiores realizações culturais, na longa batalha pela independência e pelo socialismo, travada por nosso povo durante mais de 43 anos. Com sua marca peculiar e a qualidade de sua arte, constitui hoje uma das companhias mais admiradas do mundo. Ao mesmo tempo, foram surgindo em nosso país outros importantes e prestigiosos grupos, nos mais diversos gêneros da dança, como uma prova do crescimento incontido das mais variadas expressões artísticas e intelectuais que, unido a um colossal esforço no terreno da educação, com especial ênfase na qualidade, e ao avanço das instituições científicas, sustentam a absoluta certeza de que Cuba começa a converter-se em um dos povos mais cultos do mundo.
Graças aos métodos, à disciplina e ao rigor da Escola Nacional de Balé, nela se formaram grandes artistas.
A recente reconstrução e ampliação das instalações onde hoje se localiza a Escola Nacional de Balé, seu equipamento e, em especial, seus profesores tornaram-na uma instituição de excelência, com o triplo da capacidade.
Ao aprofundar esses temas, percebemos que havia chegado a hora de atingir novos objetivos. O desenvolvimento do balé e de outras manifestações artísticas era desigual em nosso país. Das 14 províncias, 7 não contavam com um só graduado da Escola Nacional de Balé. Hoje, com as novas condições criadas, conta já com alunos de todas as províncias, e nela, como em todas as nossas escolas de arte, o ingresso se faz por rigorosa seleção.
No verão deste ano, 318 crianças havanesas das oficinas do Balé Nacional viajaram a Santiago de Cuba, acompanhadas por pais, professores e bailarinos profissionais, para ali apresentar, no Teatro Heredia, um maravilhoso espetáculo: O Camarão Encantado. Foram três apresentações, às quais assistiram, com casa cheia, 7.710 pessoas, em sua maioria crianças, de todos os municípios da província. Muitos deles viam balé pela primeira vez, e muitos nunca tinham ido a um teatro.
Os alunos havaneses, por seu lado, aprenderam muito de nossa história, em Santiago de Cuba, e também assistiram a espetáculos artísticos apresentados pelas crianças daquela província.
Iniciativas como esta mostram surpreendentes resultados.
A idéia de estender as oficinas vocacionais fundadas pelo Balé Nacional de Cuba também vai ganhando corpo, e logo se iniciará uma experiência na capital, que pouco a pouco será ampliada e que, em um dia não muito remoto, chegará ao restante do país.
Nos próximos meses, a Escola Nacional de Balé começará uma Oficina Vocacional Especial e receberá, em suas classes e salões, 4.050 crianças e adolescentes, entre 7 e 14 anos, de todos os municípios da capital. Um dado que demonstra o crescente interesse e nível cultural de nosso povo: à convocação realizada nas escolas primárias e secundárias, já se apresentaram, até agora, 41.488 aspirantes. Os que não forem selecionados poderão optar por inscrever-se em oficinas municipais de apreciação da dança, que estão sendo organizadas nesse momento.
Foi colocado por muitos que o balé clássico é uma expressão básica comum às demais manifestações da dança. Essa qualidade possibilita que a formação vocacional e a técnica apóiem o desenvolvimento de todos os demais gêneros de dança. Esse conceito, é claro, não exclui outras vias de formação.
Sem cultura não é possível liberdade. A certeza desse pensamento, que não se limita à cultura artística, mas que implica o conceito de uma cultura geral integral, incluindo preparação profissional e conhecimentos elementares de uma ampla gama de disciplinas relacionadas com as ciências, as letras e as humanidades, alenta hoje nossos esforços.
Enquanto no mundo se escutam os tambores da guerra, ou se dilapidam recursos para fabricar armas cada vez mais sofisticadas e destrutivas, em Cuba revolucionamos a educação para multiplicar os conhecimentos das novas gerações, universalizamos o acesso aos centros superiores de ensino, levamos as escolas de arte a todo o país e projetamos criar as condições para que o desfrute e o prazer de suas maravilhosas criações estejam ao alcance de todos.
Com a esperança de que este Festival contribua para isso e com a mais profunda gratidão a todos que o tornaram possível, cumpro o dever de finalizar estas palavras.
Que a consciência, a cultura e a arte conduzam nossa espécie a um melhor destino!
Muito obrigado!