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Um dos mais graves erros da política da Alemanha foi a participação dos Estados alemães, de 1792 a 1815, na guerra contra a Revolução Francesa e contra a França napoleônica. O povo alemão, que só em 1750 começou a se refazer das consequências da guerra dos Trinta Anos, foi precipitado num oceano de aventuras, no qual verteu ondas de sangue e de riquezas em proveito dos despotismos e da reação indígena, da política industrial e colonial inglesa, do czarismo e da classe feudal, e em detrimento dos interesses da classe burguesa, do desenvolvimento econômico da Alemanha e da democratização da Europa. Sem as guerras de coalisão contra a Revolução Francesa, nem o terrorismo jacobino nem o imperialismo napoleônico poderiam ter existido. A maior parte da responsabilidade da derrota, ou pelo menos da degenerescência da Revolução Francesa, cabe ao mesmo tempo aos Estados alemães e à Inglaterra.
Na verdade, pouco faltou para que o povo francês vencesse a reação europeia e assim proporcionasse à burguesia alemã ocasião de desenvolver-se política e economicamente. Sob os golpes assestados por Napoleão, o velho Império germânico ruiu. A Rússia e a Áustria ficaram completamente impotentes, e a concorrência inglesa, no continente, sofreu grave derrota. Mas, para que essa situação extremamente favorável fosse aproveitada, era necessário que na Alemanha houvesse uma geração esclarecida. Desgraçadamente, a Alemanha não possuía tal geração. A lealdade sentimental da burguesia alemã, seu nacionalismo estreito e sua inteligência servil, impeliram-na novamente para os braços da reação e levaram-na à miséria econômica. Contra isso, só se pode invocar uma outra pequena reforma realizada na Prússia, depois de Iena, por Stein e Hardenberg, como a reforma do regime municipal e a reforma agrária (1807-1816).
Essas reformas, porém, não foram causadas pela Revolução Francesa. Substituíram, somente, apesar de todas as catástrofes, o sentimento de solidariedade nacional, o desejo de unidade. O rei da Prússia, Frederico Guilherme III e o czar Alexandre I deviam tê-lo presente, quando prometeram ao povo alemão, depois da retirada de Napoleão, provocada pelo fracasso da campanha da Rússia, (1812-1815), dar à Alemanha liberdade e independência.
Com entusiasmo delirante, o povo alemão lançou-se na guerra chamada de libertação (1813-1815) e venceu os exércitos de Napoleão, devolvendo, assim, à Inglaterra, o domínio do mercado mundial e o seu Império colonial, e, aos príncipes alemães, sua coroa. Recebeu em paga a constituição da Santa Aliança, a opressão de Metternich, o amordaçamento da imprensa, a supressão do direito de associação, a prisão dos patriotas alemães e a continuação do estado de divisão da Alemanha. Em seu poema intitulado A Batalha dos Povos em Leipzig, Julio Mosen lamenta-se:
Muitos companheiros valentes queriam comprar uma pátria.
Em Leipzig, com medidas de ferro. Uma pátria livre...
Em Leipzig não são poucos os que jazem sob a terra
Sobre seus túmulos, os ratos entoam cânticos fúnebres.
Que pedi, camaradas, que repousais para sempre?
Por que correram tantos rios de sangue?
Mas, as lamentações de poetas e os protestos de intelectuais e burgueses esclarecidos foram vãos até o dia em que o povo francês, com a Revolução de 1830 e depois com a de 1848, abriu, afinal, na Alemanha, o caminho para o liberalismo e o socialismo.
O povo alemão saiu destroçado, debilitado e arruinado das campanhas contrarrevolucionárias e das chamadas guerras de libertação. A ocupação francesa custou lhe cerca de 1.000 milhões de marcos de contribuições de guerra. Os anos de 1816 e 1817 foram anos de péssimas colheitas e de fome. O consumo das massas, apesar dos armazéns e depósitos estarem abarrotados de mercadorias, foi, por assim dizer, reduzido a zero. Armada com todas as conquistas da técnica moderna, a concorrência inglesa aniquilou a indústria têxtil da Silésia, reduzindo os tecelões a uma situação de espantosa miséria e lutou vitoriosamente contra a indústria têxtil da Saxônia.
O empobrecimento da nação impossibilitava verdadeiramente a reorganização da indústria baseada no maquinismo. Além disso, os salários extremamente baixos tornavam inútil o emprego das máquinas. Somente a Renano-Westfalia, onde a Revolução Francesa criara condições mais livres e onde a política francesa, prevendo uma eventual anexação da bacia do Reno, tinha adotado caráter conciliador, desenvolveu-se economicamente, participando da marcha geral da revolução industrial.
Entretanto, a situação melhorou depois de 1830. A Revolução de Julho inspirou nova coragem à burguesia alemã. No ducado de Brunswick, no principado de Hesse, na Saxônia, no Hanover, houve levantes que obrigaram os governos locais a fazer algumas concessões. Nos Estados da Alemanha do Sul, intensificou-se a vida política. Chegou-se até a falar da convocação de um parlamento alemão. Recomeçou a atividade econômica, e as ciências naturais tiveram um magnífico impulso. Na sua História do Materialismo, Alberto Lange nos dá uma notável descrição da situação econômica e intelectual da época. O que fez populares a monarquia de Julho e o constitucionalismo francês nos meios burgueses da época, foi a especial atenção que tiveram para com os interesses materiais das classes possuidoras. Então, já um comerciante, ou um homem de negócios como Hansemann, poderia tornar-se guia da opinião pública. Nos princípios de 1830, as associações profissionais e outras do gênero brotaram como cogumelos depois da chuva. No campo do ensino, foram fundados numerosos institutos politécnicos, escolas profissionais e comerciais. Os governos locais preocuparam-se bastante com o desenvolvimento dos transportes. Em 1830, constituiu-se a União aduaneira alemã, que estabelecia a liberdade de troca no interior do país. Foi igualmente nessa época que surgiram as primeiras estradas de ferro. O ano de 1835 foi, sob esse ponto de vista, de considerável importância. Assistiu à fundação do primeiro caminho de ferro e ao aparecimento do livro de Strauss: A vida de Jessus, obra de crítica religiosa extremamente ousada para o tempo, e a do livro de Gutzkov: Wally, a que duvidava, romance livre-pensador, que valeu ao autor ser condenado à prisão numa fortaleza.
As ciências naturais entraram numa fase de grande desenvolvimento; a química, com Liebig, a fisiologia, com Johanes Müller, a geografia com Alexandre Humboldt, as matemáticas e a física com Carlos P. Gauss.
Os escritores e poetas afastavam-se cada vez mais do romantismo e do idealismo. A filosofia idealista, que afirmava o predomínio do espírito em relação à matéria, foi substituída pela filosofia realista, materialista, que antepôs o ser ao pensar, a coisa à ideia.
Essa transformação refletiu-se, também, no domínio dos estudos religiosos. Até então, dizia-se que o homem havia sido criado por Deus. Agora, pelo contrário, afirmava-se que o homem criara Deus, deificando o seu próprio espírito. Esta nova concepção, que negava por completo a existência de Deus, foi difundida na Alemanha, por Ludwig Feuerbach. O livro de Feuerbach A essência do Cristianismo, publicado em 1841, exerceu profunda influência no espírito de seus contemporâneos. As consequências dessa concepção, foram também importantes do ponto de vista filosófico. Até ali, dissera-se que o Espírito absoluto ou Deus criara o mundo e sempre o dirigira; ou então, como Hegel, afirmava-se que, através da História, trabalhava um Espirito absoluto, criando, pouco a pouco, no decorrer do seu desenvolvimento, o mundo material que percebemos. Agora, pelo contrário, dizia-se que a matéria sempre existiu e que por si mesma se desenvolveu, de acordo com suas próprias leis interiores, evolucionando da matéria inorgânica (os minerais) até à matéria orgânica (plantas e animais). Não pode haver espírito sem matéria — sustentavam os filósofos. Ou o espírito é uma simples função da matéria orgânica sendo o cérebro que transforma certas impressões sensíveis, como o estômago e os intestinos transformam o alimento em sangue, — ou então ele existe sempre na matéria, mas só se manifesta nitidamente quando a matéria se tornou orgânica — e, por último, no homem, o espírito aparece como razão consciente. De acordo com a primeira hipótese, o espírito não seria uma força especial; seria apenas um produto da atividade física. De acordo com a segunda, não seria também outra força especial, porque está intimamente ligado à matéria, e só atua a seu lado. O espírito e a matéria constituem, portanto, a substância única, a verdadeira essência do mundo.
Este ataque contra a concepção teológica ou idealista do mundo, esta ofensiva contra Deus e os anjos, desenvolveu-se ao lado da campanha contra a realeza absoluta e o Estado burocrático. Não é a burocracia nem a polícia que criam e mantêm o Estado, e sim os cidadãos, os produtores. Eis porque são eles que devem constituir o governo, ou, pelo menos, nele ter uma participação ativa.
A oposição contra o regime absolutista e contra a divisão da nação em numerosos Estados soberanos, foi uma manifestação da necessidade experimentada pela burguesia alemã de concentrar as forças econômicas nacionais e do seu desejo de unidade, baseado no antigo Império germânico.
A partir de 1830, o programa da burguesia encerrava as seguintes reivindicações: liberdade de consciência, em vez de dogmas eclesiásticos; liberdade de pensamento, em vez da escolástica; liberdade de trabalho, em vez dos regulamentos policiais; unidade nacional, em vez da dispersão em grande número de Estados soberanos. Seus principais representantes no domínio da filosofia foram os jovens hegelianos (David Strauss Ludwig Feuerbach, Bruno Bauer) e na literatura o grupo da Jovem Alemanha (Boern, Heine Gutzkov e Laube). Essa geração intelectual foi extremamente ativa e interessava-se pelo estudo de todos os problemas.
Mas, excetuando aqueles que emigraram para França, Bélgica, Suíça ou Inglaterra, para não serem presos, ou para não serem sufocados pela censura alemã, bem poucos foram os representantes dessas gerações que conseguiram desenvolver plenamente suas aptidões e realizarem feitos dignos de nota. O livro de Max Stirner (Gaspar Schmidt) intitulado O Único e sua Propriedade (1845), é a mais extremada expressão dessa tendência essencialmente liberal. Nesse livro, Stirner afirma que todas as noções como Deus, Humanidade, coletividade e moralidade, são puras construções do espírito. Na opinião de Stirner, só o indivíduo é real. “O que me interessa não é Deus, nem a Humanidade, nem a verdade, nem a bondade, nem a justiça, nem a liberdade, mas unicamente o meu próprio Eu. O que me interessa não é uma coisa geral, mas uma coisa única, como eu mesmo o sou”. Stirner é o verdadeiro representante do anarquismo individualista. Boa parte da força de seu livro nasce do fato de se opôr ele ao movimento comunista, que aparecia precisamente naquela época.
As tendências socialistas, que, a partir de 1842, aproximadamente, começaram a manifestar-se na Renano-Westfalia e em Berlim, isto é, nas principais regiões onde a técnica industrial moderna penetrava, vieram do estrangeiro. O socialismo alemão da época era apenas um eco do socialismo francês. Mas, nos meios da esquerda hegeliana, houve quem procurasse extrair o socialismo da filosofia germânica. Voltaremos a essa questão mais adiante. No momento, vamos apenas dizer que as ideias socialistas difundiram-se na Alemanha a partir de 1842. Foi também nesse momento que, ao lado do movimento de unidade nacional, se formou um movimento puramente socialista. Influíram fortemente, nesse sentido, as sublevações operárias de 1844, dos tecelões da Silésia e da Boêmia, que atraíram todas as atenções para as questões sociais. Pode-se dizer que o socialismo alemão nasceu em 1844. De fato, foi em 1844 que Marx, em Paris, começou a elaborar sua doutrina. Foi também em 1844 que o jovem Lassalle, então estudante em Berlim, escreveu a seu pai dizendo que as agitações operárias da Silésia e da Boêmia, representavam os primeiros sinais do próximo advento do comunismo. Heine, também em 1844, compôs seus poemas Os tecelões e a Alemanha, conto de fadas, cujo prefácio é nitidamente comunista. Em 1844. fundou-se a Associação dos Artesãos de Berlim. Em 1844, Alfredo Meisner publicou seus poemas revolucionários e socialistas. Foi ainda em 1844 que o jornalismo socialista surgiu na Alemanha. Enumeremos rapidamente: Os Anais franco-alemães (Paris 1844), o Vorwaerts (Paris, 1844), o Weserdampfboot (Bielefeld, 1844), o Gesellschaftsspieqel (1845-1846), os Rheinische Jahrbücher (1845-1846), o Deustches Bürgerbuch (1845-1846), etc...
Cabe a Ludwig Gall (1791-1863) o mérito de ter sido o primeiro homem que procurou interpretar a situação social da Alemanha.
O contraste entre a miséria geral, cada dia maior, que “ameaçava precipitar toda a sociedade no abismo”, e as imensas riquezas acumularas nos armazéns e depósitos, era, para Gall, bastante chocante. Alemanha encontrava-se, naquele momento, como a França e a Inglaterra, em plena crise de superprodução. Não vale a pena responder, diz Gall, aos que sustentam que sempre existiram ricos e pobres ou aos que dizem que as instituições humanas não podem ser perfeitas. Porque tal resposta não seria senão uma miserável escapatória. Na realidade, “a terra fornece mais meios de subsistência do que os que seriam necessários para o sustento do dobro da atual população do globo. Não é verdade que sempre tenha havido entre a situação das classes superiores e a das classes inferiores um abismo idêntico ao que atualmente existe. Esse abismo abriu-se ano a ano, a medida que as artes e as ciências progrediram, porque esses progressos só foram aproveitados pelas classes dominantes”. A ausência de valor da força de trabalho humano é, na opinião de Gall, a causa dessa miséria. Ele, evidentemente, refere-se à fraqueza da população operária em relação à classe capitalista. Entretanto, Gall não fazia ainda uma ideia perfeita da divisão em classes da sociedade moderna. De fato, ele junta os camponeses, os artesãos e os operários assalariados numa mesma classe, oposta à classe dos proprietários, na qual coloca todas as pessoas cujos rendimentos se originam de lucros, rendas, aluguéis, juros, pensões, etc. Estas duas classes, nitidamente separadas pelos seus interesses antagônicos, vivem permanentemente em luta. A situação da classe proprietária melhora, na mesma medida que a situação da classe trabalhador, se agrava. Esse perigoso processo acarreta inevitavelmente a ruína, porque tende a concentrar a riqueza nas mãos da classe possuidora e a colocar o restante da população a serviço dessa classe, transformando, assim, toda a população em servos, paralisando todos os esforços e todas as iniciativas, destruindo toda a cultura — em suma, criando um estado de coisas diante do qual a mais alta sabedoria não poderá senão declarar-se impotente. Gall propõe remediar essa situação mediante a emissão de bônus de cereais, e de fornecimento de auxílios aos camponeses. O melhoramento da situação da massa camponesa, na sua opinião, poderia exercer favorável influência sobre o comércio e a indústria.
Mais tarde, Gall, que parece ter conhecido profundamente a literatura socialista francesa e inglesa (Fourier e Owen), propõe outro remédio, na sua opinião também capaz de curar o mal social: a criação de cooperativas de produção. Mas, em seguida, abandonou inteiramente a propaganda socialista para consagrar-se por completo ao estudo dos problemas da alimentação.
O poeta Georges Büchner (1813-1837) interessava-se mais pela ação revolucionária propriamente dita do que pelas questões teóricas da transformação social. Ao sair do colégio de Darmstadt, estudou medicina e ciências naturais em Estrasburgo. Provavelmente, foi aí que entrou em contacto com os membros dos “Amigos do Povo” e dos “Direitos do Homem”.
Voltando a Giessen, em 1834, aderiu à associação secreta dirigida pelo dr. Weidig, e elaborou o manifesto dirigido aos camponeses intitulado: Guerra aos castelos, paz às choupanas! que Weidig enriqueceu com várias citações da Bíblia. No mesmo ano, Buchner fundou uma Sociedade dos Direitos do Homem, secreta. Ameaçado de prisão, refugiou-se em Estrasburgo, depois em Zurique, onde conseguiu um lugar de professor-adjunto. Seu companheiro de luta, Weidig, foi detido em 1835 e suicidou-se na prisão, no dia 23 de Fevereiro de 1837, quatro dias depois da morte de Buchner para se livrar das torturas a que era submetido.
Os dramas de Buchner intitulados: A Morte de Danto, Wozzeck, etc., nada têm de especificamente socialista. Expressam, quando muito, simpatia pelas classes oprimidas. Só em suas cartas a Gutzkov é que se encontram algumas passagens que demonstram nitidamente a influência das sociedades secretas sobre as ideias de Buchner. Escrevendo a sua família, a 5 de Abril de 1833, por ocasião do assalto do posto de polícia de Frankfurt, Buchner diz: “Se alguma coisa, na nossa época, pode ser útil, essa alguma coisa, na minha opinião, é a violência”. Segundo ele, só pela violência se poderia conseguir que os príncipes alemães realizassem reformas.
Em Julho de 1835, escrevendo de Estrasburgo a Gutzkov, Buchner dizia: “Nas relações entre os ricos e os pobres é que se encontra o único elemento revolucionário do mundo. Só a fome pode tornar-se a deusa da liberdade”. Buchner, na realidade, não acreditava na eficácia da propaganda. A 1.º de Janeiro de 1836, em carta a sua família, dizia: “Eu, aliás, não pertenço absolutamente ao grupo da Jovem Alemanha, ao partido literário de Gutzkov e de Heine. Imaginar que se possa, por meio da literatura quotidiana, obter uma transformação completa de nossas ideias sociais e religiosas é mostrar o mais completo desconhecimento das nossas relações sociais”. E numa outra carta a Gutzkov: “Para dizer a verdade, acho que nem você, nem seus amigos estão no bom caminho. Reformar a sociedade por meio da propaganda de ideias? Impossível! Nossa época é puramente materialista. Vocês não poderão nunca encher o abismo que separa a classe culta da classe inculta. Estou convencido de que a minoria possuidora nunca será capaz de abrir mão voluntariamente de seus privilégios”.
Buchner é um revoltado que já suspeita ser o proletariado a única classe revolucionária da nossa época. Mas, na sua opinião, só a fome e o fanatismo profético poderão levá-lo à ação. Suas ideias trazem a marca da influência dos reformadores religiosos tais como Lamenais, Leroux, etc... que então dominavam em França.
Bem diferente era a atitude dos emigrados alemães que, nesse tempo, viviam em Paris e que, na sua maioria, participavam da atividade das associações revolucionárias secretas, que iremos estudar no capítulo seguinte.