Aparelhos Ideológicos do Estado

Louis Althusser

Junho de 1970


Primeira Edição: ....

Fonte: http://cn.ait.caen.free.fr - Trechos do livro: Ideologia e aparelhos ideologicos do Estado.

Tradução: Reinaldo Pedreira Cerqueira da Silva

HTML: Fernando Araújo.

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O que deve ser adicionado à "teoria marxista" do estado é outra coisa. Aqui devemos proceder cautelosamente em um terreno onde, de fato, os clássicos do marxismo nos precederam, mas sem sistematizar, de forma teórica, os progressos decisivos que as suas experiências e suas abordagens envolvem. Suas experiências e abordagens permaneceram acima de tudo no domínio da prática política.

Os clássicos do marxismo têm, de fato, isto é, em sua prática política, tratam o estado como uma realidade mais complexa do que a definição dada na "teoria marxista do Estado", mesmo complementada como nós apresentamos. Eles reconheceram essa complexidade em sua prática, mas não expressaram isso em uma teoria correspondente(1).

Gostaríamos de tentar esboçar muito esquematicamente essa teoria correspondente. Para este fim, propomos a seguinte tese.

Para avançar a teoria do Estado, é essencial levar em conta, não apenas a distinção entre o poder de estado e aparelho de estado, mas também outra realidade que é, obviamente, do lado do dispositivo (repressivo) do estado, mas não deve ser confundido com ele. Vamos chamar isso de realidade pelo seu conceito: os aparelhos ideológicos do estado.

Qual é o aparelho ideológico de estado (AIE)?

Não devem ser confundidos com o aparato estatal (repressivo). Lembre-se que na teoria marxista, o aparelho de Estado (AE) inclui: Governo, Administração, Exército, Polícia, Tribunais, Prisões, etc., que constituem o que agora chamaremos de Dispositivo Repressivo do Estado. Repressivo indica que o Aparelho do Estado em questão "trabalha com violência", pelo menos no limite (porque a repressão pode tomar formas não físicas).

Designamos por Aparelho Ideológico Estadual uma série de realidades que se apresentam ao observador na forma de instituições separadas e especializadas. Propomos uma lista empírica, que exigirá naturalmente ser examinada em detalhe, testada, corrigida e retrabalhada. Sob todas as reservas a esta exigência, podemos, no momento, considerar como Aparelho Ideológico do Estado as seguintes instituições (a ordem em que as listamos não tem significado especial):

Dizemos: os AIEs não devem ser confundidos com o aparato de estado (repressivo). Qual é a diferença deles?

Num primeiro momento, podemos observar que, se existe um aparelho de Estado (repressivo), existe pluralidade do aparato ideológico do Estado. Assumindo que existe, a unidade que constitui esta pluralidade de AIE no corpo não é imediatamente visível.

Em um segundo momento, podemos ver que enquanto o aparato estatal unificado (repressivo) pertence ao domínio público, a maioria dos aparatos ideológicos do estado (em sua aparente dispersão) pelo contrário, pertence ao domínio privado. Particulares são igrejas, festas, sindicatos, famílias, algumas escolas, a maioria dos jornais, empresas culturais, etc.

Vamos deixar de lado por um momento a nossa primeira observação. Mas não vamos deixar de levantar a segunda, para nos perguntar que direito podemos considerar como instituições de aparelhos ideológicos de estado que, para a maioria deles, não têm um status público, mas são simplesmente instituições privadas. Como marxista consciente, Gramsci já havia, em uma palavra, advertido essa objeção. A distinção do público e o direito privado é uma distinção interior à lei burguesa, e válido no (subordinado) modo burguês de exercer seus "poderes". O domínio do estado lhe escapa porque está "além do Direito": o Estado, que é o estado da classe dominante, não é nem público nem privado, é, pelo contrário, a condição de qualquer distinção entre público e privado. Vamos dizer a mesma coisa desta vez a partir de nosso aparelho ideológico de Estado. Não importa se instituições que os realizam são públicas "ou" privadas. O que importa é o seu funcionamento. Instituições privadas podem perfeitamente "funcionar" como aparatos ideológicos de Estado. Bastaria um pouco de análise de qualquer um dos AIE para mostrá-lo.

Mas vamos ao básico. O que distingue o AIE do aparelho de Estado (repressivo) é a diferença fundamental seguinte: O aparato repressivo do Estado "trabalha com violência", enquanto o aparelho ideológico de Estado opera "ideologicamente".

Podemos esclarecer, corrigindo essa distinção. Nós diremos que qualquer aparelho de Estado, seja ele repressivo ou ideológico, "funciona" ao mesmo tempo com violência e ideologia, mas com uma diferença importante, que proíbe a confusão do aparato ideológico de Estado com o aparato de estado (repressivo).

É porque, por sua conta, o aparelho de Estado (repressivo) opera de maneira maciçamente preponderante na repressão, (incluindo física), enquanto trabalha secundariamente à ideologia. (Não há dispositivo puramente repressivo.) Exemplos: O Exército e a Polícia também funcionam ideologicamente, tanto para garantir a sua própria coesão e reprodução, e pelos "valores" que oferecem fora.

Da mesma forma, mas, inversamente, deve-se dizer que, por conta própria, os aparelhos ideológicos do Estado operam de maneira maciçamente predominante à ideologia, mas operando secundariamente repressão, até o limite, mas apenas no limite, muito atenuado, oculto, até simbólico. (Não há um aparelho puramente ideológico.) Assim, a Escola e as igrejas "montam" por métodos apropriados de sanções, exclusões, seleção, etc., não apenas seus oficiantes, mas também seu rebanho. Então a Família... Então o aparelho cultural IE (censura, para mencionar apenas um), etc.

Vale a pena mencionar que essa determinação do "funcionamento" dual (predominantemente, secundária) à repressão e ideologia, dependendo se é o aparelho de Estado (repressivo) ou o aparelho ideológico de estado, permite-nos compreender que está constantemente a tecer combinações explícitas muito entre o jogo do aparelho de Estado (repressivo) e o jogo dos aparatos ideológicos de Estado? A vida diária nos oferece inúmeros exemplos, que, no entanto, precisam ser estudados em detalhe para ir além dessa simples observação. Esta observação, no entanto, nos coloca no caminho para entender o que constitui a unidade do corpo aparentemente díspar dos AIE. Se os "trabalhos" da AIE prevalecerem maciçamente sobre a ideologia, unifica a sua diversidade, é este mesmo funcionamento, na medida em que a ideologia com que operam é sempre de fato unificada, apesar de sua diversidade e contradições, sob a ideologia dominante, que é a da “classe dominante”. Se devemos considerar que, em princípio, a "classe dominante" detém o poder estatal (de forma franca ou, na maioria das vezes, por meio de classes), e assim tem o aparato do Estado (repressivo), podemos admitir que a mesma classe dominante ativa nos aparelhos ideológicos do estado como é, em última análise, as mesmas contradições, a ideologia dominante que é alcançada nos aparelhos ideológicos do Estado. Claro outra coisa é agir por leis e decretos no aparelho de Estado (repressivo), do que "agir" por intermediário da ideologia dominante nos aparatos ideológicos do Estado. Será necessário inserir os detalhes desta diferença - mas não pode esconder a realidade de uma identidade profunda. Para nosso conhecimento, nenhuma classe não pode manter de forma sustentável o poder do Estado sem exercer ao mesmo tempo sua hegemonia no Aparelho ideológico do Estado.

Eu quero apenas dar um exemplo e uma prova: a preocupação persistente de Lenin de revolucionar o aparelho ideológico (entre outros) para permitir que o proletariado soviético, que havia tomado o poder, assegurasse simplesmente o futuro da ditadura do proletariado e a transição para o socialismo(4).

Esta última observação nos permite entender que os aparelhos ideológicos do Estado podem ser não só a questão, mas também o lugar da luta de classes, e muitas vezes de formas ferozes da luta de classes. A classe (ou aliança de classes) no poder não é tão fácil de legislar no AIE como no aparelho de estado (repressivo), não apenas porque as velhas classes dominantes tem posições sutis, mas também porque a resistência das classes exploradas pode encontrar os meios e a oportunidade de se expressar usando as contradições existentes ou conquistando posições de combate(5).

Vamos fazer um balanço das nossas observações.

Se a tese que propusemos foi bem fundamentada, somos levados a retomar, especificando-a em um ponto, a teoria marxista clássica do estado. Vamos dizer que devemos distinguir o poder do Estado (e sua detenção por...) por um lado, e o dispositivo estatal por outro. Mas vamos acrescentar que o aparelho do Estado inclui dois corpos: o corpo das instituições que representam o aparelho repressivo do Estado, por um lado, e o corpo das instituições que representam o corpo dos aparatos ideológicos do Estado, por outro lado.

Mas se é assim, não podemos deixar de nos perguntar o seguinte, mesmo no estado básico de nossas indicações: qual é a medida exata do papel do aparelho ideológico estatal? Qual pode ser o fundamento de sua importância? Em outras palavras: qual é a "função" desses dispositivos? estados ideológicos, que não funcionam para a repressão, mas para a ideologia?

Na reprodução de relatórios de produção podemos então responder à nossa questão central, que permaneceu por longas páginas não resolvidas: como é assegurada a reprodução das relações de produção?

Na linguagem do tópico (Infraestrutura, Superestrutura) diremos: é, em grande parte assegurada pela superestrutura jurídico-política e ideológica, Mas como consideramos essencial ir além dessa linguagem ainda descritiva, diremos: é, na sua maior parte(6), assegurada pelo exercício do poder do Estado no aparelho do Estado, o Estado (repressivo), por um lado, e o aparelho ideológico do Estado, por outro.

Vamos levar em conta o que foi dito anteriormente, e que agora estamos reunindo sob os três seguintes recursos:

Todos os aparatos estatais funcionam tanto na repressão como na ideologia, com a diferença de que o aparelho de estado (repressivo) opera de maneira maciça e prevalecente na repressão, enquanto os estados ideológicos operam de maneira maciçamente predominante na ideologia. Considerando que o aparelho de Estado (repressivo) constitui um todo organizado, cujos membros são centralizados sob uma unidade de comando, a política de luta de classes imposta pelos representantes políticos da classe dominante que detêm o poder do Estado, os Aparelhos Ideológicos do Estado são múltiplos, distintas, "relativamente autônomas" e capazes de oferecer um campo objetivo às contradições que expressam, em formas por vezes limitadas e por vezes extremas, os efeitos dos choques entre a luta de classes capitalistas e a luta de classes proletária, bem como suas formas subordinadas. Enquanto a unidade do aparelho de Estado (repressivo) é assegurada pela sua organização centralizada unificada sob a chefia dos representantes da classe dominante, executando a política de luta de classes das classes dominantes -, a unidade entre os diferentes aparelhos ideológicos do Estado é assegurada, na maioria das vezes contraditória, pela ideologia dominante, a da classe dominante.

Se levarmos em conta essas características, podemos imaginar a reprodução do produção(7) da seguinte maneira, de acordo com uma espécie de "divisão do trabalho".

O papel do aparato repressivo estatal consiste essencialmente, como um aparato repressivo para garantir pela força (física ou não) as condições políticas de reprodução das relações de produção que são últimas das relações operacionais. Não só o aparelho estatal contribui em grande medida para se reproduzir (existem no estado capitalista dinastias de políticos, dinastias militares, etc.), mas também, e acima de tudo, o aparato estatal garante pela repressão (desde a força física mais brutal até ordens administrativas e proibições simples, censura aberta ou tácita, etc.), as condições políticas do exercício do Aparelho Ideológico do Estado.

São eles que, em grande parte, asseguram a própria reprodução das relações de produção, sob o “Escudo" do aparelho repressivo do estado. É aqui que o papel da ideologia dominante, a da a classe dominante, que detém o poder do Estado. É através da ideologia dominante que é assegurada a "harmonia" (às vezes estridente) entre o aparato repressivo do Estado e o Aparelho Ideológico do Estado, e entre os diferentes aparelhos ideológicos do Estado.

Somos assim levados a considerar a seguinte hipótese, dependendo da diversidade de aparelhos ideológicos de Estado em seu papel único, como comum, reprodução das relações de produção.

De fato, listamos, nas formações sociais capitalistas contemporâneas, um Aparelho ideológico do Estado: o aparelho escolar, o aparelho religioso, o aparelho familiar, o aparelho político, o aparato sindical, o aparato de informação, o aparato "cultural", etc.

Agora, nas formações sociais do modo de produção da “servidão" (comumente conhecido como feudal), observamos que, se existe um aparelho repressivo de estado único, formalmente muito semelhante, não só a Monarquia absoluta, mas ainda dos primeiros estados antigos conhecidos, àquela que conhecemos, muitos dos aparelhos ideológicos do estado são mais baixos e sua individualidade diferente. Nós vemos por exemplo, na Idade Média, a Igreja (aparelho ideológico de um estado religioso) acumulou uma série de funções hoje devolve a vários aparatos ideológicos distintos, novos para o passado para nós em particular, as funções escolares e culturais. Ao lado da Igreja existia o Aparelho Ideológico família, que desempenhou um papel considerável, fora de toda a proporção para o que ele jogou em uma sociedade capitalista. A Igreja e a Família não eram, apesar das aparências, os únicos Aparelhos ideológicos de Estado. Havia também um aparato ideológico de Estado político (os Estados Gerais, o Parlamento, as diferentes facções e ligas políticas, ancestrais dos partidos políticos modernos e todo o sistema político dos Comuns francamente então Cidades). Havia também um poderoso aparato ideológico de um estado "pré-sindical", se pudéssemos arriscar essa expressão necessariamente anacrônica (as poderosas irmandades de mercadores, banqueiros e também associações de trabalhadores, etc.). Propaganda e Informação têm experimentado um indiscutível desenvolvimento, bem como as performances, primeira parte integral da Igreja, então cada vez mais independente.

Agora, no período histórico pré-capitalista que estamos observando de forma muito ampla, é absolutamente óbvio que existia um aparato ideológico dominante de Estado, a Igreja, que se concentra nela, não só funciona a religião, mas também escolar, e boa parte das funções de informação e "cultura". Se toda a luta do século XVI1 ao século XVIII, desde o primeiro abalo da Reforma, tem sido luta anticlerical e antirreligiosa, não é por acaso, depende da posição dominante de o aparato ideológico de um estado religioso.

A Revolução Francesa teve o propósito primordial e resultou não só em passar o poder estatal de a aristocracia feudal para a burguesia capitalista-comercial, para quebrar em parte o antigo aparelho repressivo estatal e substituí-lo por um novo (por exemplo, o Exército Nacional do Povo), - mas também para atacar o aparelho ideológico número um: a Igreja. Daí a constituição civil do clero, o confisco da propriedade da Igreja, e a criação de novos aparatos de estado ideológicos para substituir o aparelho ideológico do Estado religioso em seu papel dominante.

Naturalmente, as coisas não passaram por si: a Concordata, a Restauração e a longa luta de classes entre a aristocracia fundiária e a burguesia industrial ao longo do século XIX, pelo estabelecimento da hegemonia burguesa sobre as funções anteriormente desempenhadas pela Igreja: acima de tudo pela Escola.

Pode-se dizer que a burguesia se baseou no novo aparelho ideológico de um Estado democrático e político parlamentar, criado nos primeiros anos da Revolução, depois restaurado depois de longas lutas violentas, alguns meses em 1848, e por décadas após a queda do Segundo Império, a fim de chefiar a luta contra a Igreja e aproveitar as suas funções ideológicas, em suma para garantir não só a sua hegemonia política, mas também a sua hegemonia ideológica, indispensável à reprodução das relações de capitalistas.

Portanto, acreditamos que estamos autorizados a avançar a seguinte tese, com todos os riscos que isso acarreta. Acreditamos que o aparato estatal ideológico que foi colocado em uma posição dominante nas formações capitalistas maduras, depois de uma violenta luta política e ideológica contra o antigo aparelho ideológico de Estado dominante, é a escola aparelho ideológico.

Esta tese pode parecer paradoxal, se é verdade que para todos, isto é, na representação ideologia que a burguesia estava disposta a dar a si mesma e às classes que explora, parece o aparato ideológico dominante do Estado nas formações sociais capitalistas não é a escola, mas o aparelho do Estado político, isto é, o sistema de democracia parlamentar com sufrágio universal e lutas partidárias.

No entanto, a história, mesmo recente, mostra que a burguesia poderia e pode muito bem acomodar aparelhos ideológicos com políticas diferentes da democracia parlamentar: o Império, número um ou número dois, o Carta da monarquia (Louis XVIII, Charles X), monarquia parlamentar (Louis-Philippe), democracia presidencial (de Gaulle) para falar somente da França. Na Inglaterra, as coisas são ainda mais óbvias.

A Revolução foi particularmente "bem-sucedida" do ponto de vista burguês, já que, diferentemente da França, onde a burguesia, por causa da tolice da nobreza, teve que aceitar para ser colocada no poder por "dias revolucionários", camponeses e plebeus, que lhe custaram caro, a burguesia inglesa poderia "compor" com a aristocracia, e "compartilhar" com ela a posse do poder do Estado e o uso de o aparato estatal por muito tempo (paz entre todos os homens de boa vontade das classes dominantes!).

Na Alemanha, as coisas são ainda mais impressionantes, pois está sob um aparato ideológico de um estado político onde os Junkers Imperiais (símbolo Bismark), seu exército e sua polícia, o serviram como escudo, e como pessoal de chefia, que a burguesia imperialista fez a sua estreia sensacional na história, antes de "atravessar" a República de Weimar e confiar no nazismo.

Acreditamos, portanto, ter fortes razões para acreditar que, por trás dos jogos de seu Aparelho Ideológico de Estado político, que ocupou o centro do palco, o que a burguesia criou como seu aparato ideológico número um, tão dominante, é o sistema escolar, que, de fato, substituiu em suas funções o antigo aparelho ideológico de estado dominante, a saber, a Igreja. Podemos até acrescentar: o par Escola-Familia tem de substituir o casal da Igreja-Família.

Por que o sistema escolar é o aparato ideológico dominante do Estado nas formações sociais capitalistas e como isso funciona?

Por enquanto, basta dizer:

1. - Todos os aparatos ideológicos do Estado, sejam eles quais forem, contribuem para o mesmo resultado: a reprodução de relações de produção, isto é, relações de exploração capitalistas.

2. Cada um deles contribui para este resultado único à sua maneira. O aparelho político sujeitando indivíduos a ideologia política estatal, ideologia "democrática", "indireta" (parlamentar) ou "direta" (plebiscitária ou fascista). A máquina de informação devorando pela imprensa, o rádio, a televisão todos os "cidadãos" doses diárias de nacionalismo, chauvinismo, liberalismo, moralismo, etc. Similarmente para o aparelho cultural (o papel do esporte no chauvinismo é de primeira ordem), etc. O aparelho religioso recordando em sermões e outras grandes cerimônias do nascimento, casamento e morte que o homem só fica envergonhado, a menos que saiba amar seus irmãos até que dê a outra face àquele que bate na primeira. o aparelho família ... não insista.

3. - Este concerto é dominado por uma partitura única, perturbada ocasionalmente por contradições (as dos restos das antigas classes dominantes, as dos proletários e suas organizações): a partição da ideologia do proletariado classe atualmente dominante, que integra em sua música os grandes temas do Humanismo dos Grandes Antepassados ​​que, antes do Cristianismo, fizeram o Milagre Grego, e depois, a Grandeza de Roma, a Cidade Eterna, e temas de interesse, particular e geral, etc. Nacionalismo, moralismo e economismo.

4. - No entanto, neste concerto, um aparato ideológico do Estado desempenha realmente o papel dominante, embora dificilmente um ouvido para sua música: ela é tão silenciosa! Esta é a escola.

Ela leva as crianças de todas as classes sociais do jardim de infância, e do jardim de infância, com as notícias como os métodos antigos, inculca durante anos, anos em que a criança é a mais “vulnerável” presa entre a família de aparelhos de estado e a escola de aparelhos de estado, know-how incorporado a ideologia dominante (francês, cálculo, história natural, ciência, literatura), ou simplesmente a ideologia dominante no estado puro (moralidade, educação cívica, filosofia). Em algum lugar por volta do décimo sexto ano uma enorme massa de crianças cai "em produção": são os trabalhadores ou os pequenos camponeses. Outra parte da juventude escolar continua: e isso vale a pena, fez um pouco de caminho para cair no caminho e preencher os postos de pequenos e médios administradores, empregados, pequenos e médios funcionários, pequeno-burgueses de qualquer tipo. Uma última parte chega ao topo, seja para cair no meio-desemprego intelectual, ou prover, além dos "intelectuais do trabalhador coletivo", os agentes de exploração (capitalistas, gerentes), policiais (militares, políticos, administradores, etc.) e profissionais de segurança da ideologia (sacerdotes de todos os tipos, a maioria dos quais convertem os "leigos").

Toda massa que cai na estrada está praticamente equipada com a ideologia que se ajusta ao papel que deve cumprir na sociedade de classes: papel do explorado (com "consciência profissional", "moral", "cívica", "nacional" e uma política altamente "desenvolvida"; papel de agente de exploração (saber comandar e falar aos trabalhadores: “relações humanas"), agentes de repressão (saber comandar e ser obedecido "sem discutir" ou saber lidar com a demagogia da retórica dos líderes políticos) ou profissionais da ideologia (saber tratar as consciências com respeito, isto é, desprezo, chantagem, demagogia, acomodados com os sotaques da Moralidade, Virtude, "Transcendência", a Nação, o papel da França no mundo, etc.).

Naturalmente, muitas dessas virtudes contrastantes (modéstia, resignação, submissão, por um lado, cinismo, desprezo, altura, segurança, grandeza, até boa fala e habilidade) também são aprendidas nas Famílias, na Igreja, no Exército, nos Livros Finos, no cinema e até nos estádios. Mas nenhum aparato ideológico de Estado por tantos anos da audição obrigatória (e, é a menor das coisas, livre ...); cinco a seis dias sete em oito horas por dia, todos os filhos da formação social capitalista.

Mas é aprendendo algum know-how embutido na maciça inculcação da ideologia da classe dominantes, que são amplamente reproduzidas as relações de produção de uma formação social capitalista, isto é, os relatórios de explorados para exploradores e exploradores para explorados. Os mecanismos que produzem este resultado vital para o regime capitalista é naturalmente coberto e encoberto por uma ideologia da escola reina universalmente, já que é uma das formas essenciais da ideologia burguesa dominante: uma ideologia que representa a Escola como um ambiente neutro, desprovido de ideologia (desde ... secular), onde mestres respeitoso da "consciência" e da "liberdade" das crianças que lhes são confiadas (com confiança) "Pais" (que também são livres, isto é, os donos de seus filhos) dão a eles acesso à liberdade, moralidade e responsabilidade dos adultos pelo seu próprio exemplo, conhecimento, literatura e suas virtudes libertadoras.

Peço desculpas aos mestres que, em condições terríveis, estão tentando se voltar contra a ideologia, contra o sistema e contra as práticas em que são tomadas, as poucas armas que podem encontrar a história e o conhecimento que eles "ensinam". Eles são uma espécie de heróis. Mas eles são raros e quanto (maioria) nem sequer tem o início da suspeita de "trabalho" como o sistema (que os esmaga e esmaga) obriga-os a fazer, pior, colocar todo o seu coração e engenho para realizá-lo com a última consciência (os famosos novos métodos!). Eles suspeitam tão pouco que contribuem com sua devoção até mesmo para manter e nutrir esta representação ideológica da Escola, que hoje faz a Escola como "natural" e indispensável, e até mesmo beneficente aos nossos contemporâneos, que a Igreja era "natural", indispensável e generoso aos nossos antepassados ​​há alguns séculos atrás.

De fato, a Igreja foi substituída pela Escola em seu papel de aparato ideológico dominante do Estado, ela está acoplado à Família, assim como antigamente a Igreja estava ligada à Família. Podemos então dizer que a crise de profundidade sem precedentes, que está abalando o sistema escolar de tantos estados ao redor do mundo, muitas vezes conjuga uma crise (já anunciada no Manifesto) que abala o sistema familiar, faz sentido se considerarmos que a Escola (e o par Escola-Família) constituem o aparelho ideológico do Estado dominante, Aparelho desempenhando um papel decisivo na reprodução das relações de produção de um modo de produção ameaçada em sua existência pela luta de classe mundial.


Notas de rodapé:

(1) Gramsci é, até onde sabemos, o único que avançou no caminho que estamos tomando. Ele teve essa ideia “singular", que o Estado não se reduziu ao aparelho de Estado (repressivo), mas entende, como se disse, certa número de instituições da "sociedade civil": a Igreja, escolas, sindicatos, etc. Gramsci infelizmente não sistematizou suas intuições, que permaneceram no estado de notações agudas, mas parciais (ver Gramsci: Selected Works. Edições Sociais., Pp. 290,291 (3), 293,295,436. Cartas da Prisão, Ed.) (retornar ao texto)

(2) A Família desempenha claramente outras "funções" do que a de um AIE. Ela está envolvida na reprodução da força de trabalho. É, de acordo com os modos de produção, unidade de produção e (ou) unidade de consumo. (retornar ao texto)

(3) "Direita" pertence tanto ao Aparelho do Estado (Repressivo) quanto ao sistema da AIE. (retornar ao texto)

(4) Em um texto patético, datado de 1937, Krupskaya contou a história dos esforços desesperados de Lênin, e disso que ela considerou seu fracasso ("O caminho percorrido"). (retornar ao texto)

(5) O que é dito aqui, em poucas palavras rápidas, da luta de classes no AIE, está obviamente longe de esgotar questão da luta de classes. Para resolver esse problema, dois princípios devem ser mantidos em mente. O primeiro princípio foi formulado por Marx no Prefácio à Contribuição: "Quando consideramos tais convulsões (uma revolução social), deve-se sempre distinguir entre a sublevação material - que pode ser observar de maneira cientificamente rigorosa - as condições econômicas de produção e as formas legal, político, religioso, artístico ou filosófico em que os homens se tornam conscientes deste conflito e levá-lo até o fim. A luta de classes é expressa e, portanto, exercida em formas ideológicas, também nas formas ideológicas do AIE. Mas a luta de classes vai muito além dessas formas, e é por isso transborda que a luta das classes exploradas também pode ser exercida nas formas da AIE, classes no poder a arma da ideologia. Isto, em virtude do segundo princípio: a luta de classes vai além do AIE porque está enraizada em outros lugares do que em ideologia, nas Infraestruturas, nas relações de produção, que são relações de exploração, e que constituem a base das relações de classe. (retornar ao texto)

(6) Para uma grande parte. Porque as relações de produção são primeiro reproduzidas pela materialidade do processo de Produção e Circulação. Mas não devemos esquecer que os relatórios ideológicos são imediatamente presentes nesses mesmos ensaios. (retornar ao texto)

(7) Para a parte da reprodução para a qual contribuem o aparato repressivo do Estado e os aparelhos ideológicos do Estado. (retornar ao texto)

Inclusão 01/12/2018
Última atualização 04/12/2018