A propósito do artigo de Michel Verret sobre o "maio estudantil"

Louis Althusser

15 de março de 1969


Primeira Edição: Título original "Àpropos de l'article de Michel Verret sur 'Mai étudiant'", La Pensée, n.145, maio-jun. 1969, reeditado em Penser Louis Althusser, Pantin: Le Temps des Cerises, 2006. A publicação deste artigo foi sugerida por Marquessuel Dantas de Souza, leitor de Crítica Marxista. A tradução é de Maria Leonor Loureiro. Ela assinalou que o termo étudiant, que figura no título do original francês, refere-se ao estudante do ensino superior, ao passo que lycéen designa o aluno da segunda parte do ensino secundário (atual ensino médio no Brasil), para o qual adotamos o termo secundarista.

Fonte: Crítica Marxista, n.44, p.123-135, 2017. - http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista

Transcrição: COLOCARNOME

HTML: Fernando Araújo.

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Este artigo contém a mais importante análise de Althusser sobre a participação dos estudantes no movimento de maio de 1968. Texto de intervenção, sem formas acadêmicas, ele não traz as referências dos poucos textos que cita, salvo o de Michel Verret, objeto de sua crítica. Althusser já tinha se referido, em carta a Maria Antonietta Macciocchi datada de 15 de abril de 1968 (às vésperas daquele mês de maio que muitos na França escrevem com "M" maiúsculo), ao papel de vanguarda assumido pelos estudantes, notadamente os da "Alemanha ocidental". Alguns anos depois voltou a discutir a condição estudantil, publicando no semanário France Nouvelle, órgão central do Partido Comunista Francês, o artigo "Sur une Erreur politique. Les maTtres auxiliaires, les étudiants travailleurs et l'agrégation de philosophie" (France Nouvelle, n.1393-1394, jul.-ago. 1972). Dois estudos sobre esse complexo de questões são acessíveis na internet. O artigo de Stéphane Legrand, "Louis Althusser: mai 1968 et les fluctuations de l'idéologie", ActuelMarx, 1/2009, n.45, p.128-136 (disponível em: <https://www.cairn.info/revue-actuel-marx-2009-1-page-128.htm>); e a intervenção de Guillaume Sibertin-Blanc, "Luttes de classes, révolte idéologique de masse, théorie de l'idéologie: l'effet 68 chez Althusser", no colóquio Mai 68 en Quarantaine, organizado na École Normale Supérieure de Paris de 22 a 24 de maio de 2008. (N. E. [João Quartim de Moraes])

Acabo de ler o artigo que Michel Verret consagrou, no número 143 de La Pensée (fevereiro de 1969), a “Mai Etudiant, ou les Substitutions” [Maio estudantil, ou as substituições].

Gostaria de, ao mesmo tempo, mostrar o interesse real, mas também as sérias reservas que ele me inspira.

O artigo de Verret pode, com razão, reivindicar um triplo mérito.

  1. É, pelo que sei, o primeiro texto consagrado por um comunista à análise de certas formas da ideologia estudantil de Maio. Por essa razão, preenche uma lacuna importante na literatura marxista existente.
  2. É, pelo que sei, uma das primeiras análises que, por ocasião de um objeto relativamente privilegiado (o surgimento espetacular da ideologia estudantil num contexto econômico e político conhecido, pelo menos em suas linhas gerais), esboça uma tentativa de formulação da teoria dos mecanismos que podem estar em jogo na dialética das formas de uma ideologia dada, quando ela é diretamente confrontada, por um lado, com suas realizações, e por outro, com a realidade. No horizonte do ensaio de Verret está enunciado, portanto, um problema real, que ultrapassa evidentemente o objeto imediato de sua análise: o problema da constituição de uma teoria marxista dos mecanismos da ideologia, e das transformações que a dialética desses mecanismos impõe às próprias formas da ideologia considerada.
  3. O texto de Verret tem, por fim, o grande mérito e também a coragem política de evocar a tarefa política de um “combate comum” com os estudantes “esquerdistas”, muito precisamente de evocá-lo em termos de “unidade de ação”, “no terreno real”, em função “do inimigo comum e dos objetivos comuns”, mas em algumas palavras muito rápidas, que correm o risco de ter passado desapercebidas.(1) Tarefa muito difícil, com efeito, não só por causa das prevenções ou das desconfianças ferozes existentes, mas sobretudo por causa das razões dessas prevenções e desconfianças, e de sua intensidade, razões que, no meu entender, estão muito longe de ter sido abordadas por alguém com as exigências de objetividade científica requeridas. Creio que seria um erro e uma injustiça subestimar esse triplo mérito - sobretudo o último.

Mas, uma vez reconhecido esse triplo mérito, e em função exatamente do projeto teórico e político de Verret, não é possível, pelo menos na minha opinião, não falar dos defeitos do mesmo artigo. Permitam-me examiná-los rapidamente, numa ordem de importância crescente. Tentarei dar, na medida do possível, uma forma positiva à crítica que me parece impor-se.

Todo leitor que tiver conseguido ler o artigo de Verret não poderá deixar de reconhecer, primeiro, que ele é extremamente brilhante: demasiado brilhante. Esse excesso se traduz logo de início em sua língua, prodigiosamente condensada, densa, naturalmente elíptica, carregada de figuras de retórica e sobrecarregada com um vocabulário esotérico.

Duvido que algum camarada operário possa ler facilmente, ou mesmo ler esse texto, ao mesmo tempo muito longo e denso, e dividido em curtos capítulos peremptórios com títulos cuja preciosidade espanta. Isso já constitui, a meu ver, um sério defeito político. Pois nossos camaradas operários que desfilaram, tendo a seu lado os estudantes, na gigantesca e entusiástica manifestação de 13 de maio, que viram muitas vezes os estudantes vir ao seu encontro, para conhecê-los ou oferecer-lhes seus serviços nas portas de suas empresas, ou bater-se corajosamente ao seu lado em várias circunstâncias - embora “sentindo” que os estudantes não estavam, apesar de sua generosidade, “no mesmo comprimento de onda” que eles -, nossos camaradas operários têm direito a uma explicação clara e inteligível sobre as formas ideológicas particulares que animavam os estudantes em maio, sobre a força progressista de seu movimento de massa, sobre seus méritos, como sobre seus erros e sobre a lógica, muitas vezes desconcertante para eles, de suas reações. Desse ponto de vista, que é político, o artigo de Verret me parece, ou dever escapar a seus leitores operários ou esclarecê-los muito mal, ou mesmo embaralhar suas ideias pela linguagem estranha em que está redigido, e pela insuficiência de suas análises.

Irei mais longe. Não penso que esse artigo, manifestamente redigido para os estudantes, e unicamente os estudantes, atinja verdadeiramente o objetivo que manifestamente se propõe. Temo que Verret imagine que vai ser ouvido pelos estudantes porque falaria sua linguagem, aquela que ele pensa ser a linguagem da “legitimidade cultural dominante em meio estudantil”.

Ora, tudo o que sei da linguagem que os estudantes falaram em maio e que ainda falam agora desmente, pelo menos no essencial, essa convicção. Exceto alguns anarquistas obcecados pelos temas do “gozo” sexual ou outro, os estudantes mais conscientes não falaram a linguagem da “ereção” das barricadas, do índice de permissividade, dos Messias da Parusia pedagógica, dos lugares fantasiosos, do carisma, das grandes fantasias de angústia, das Vigilâncias Zarolhas, dos Críticos Hemiplégicos, para citar apenas essas expressões dentre um número excessivo de fórmulas semelhantes. Pelo que sei, apesar de sua confusão e de seus erros, a maioria dos panfletos de Maio falava uma língua bastante diferente e os cartazes de Maio a língua de todo mundo.

Bem sei que me vão objetar que, sendo a língua de Verret a língua de uma análise de “sociologia marxista” da ideologia estudantil de Maio, ela deve, enquanto língua científica (e, se o fosse verdadeiramente, teria perfeitamente esse direito), ser uma outra língua que não a dos estudantes, quer aquela na qual eles exprimiram suas reivindicações e suas esperanças em maio, quer aquela na qual eles tentaram “teorizar” suas ações e suas esperanças. Estou de acordo, mas é aqui que as coisas se tornam mais sérias.

Pois se a intenção subjetiva de Verret, começar a pensar teoricamente a dialética dos mecanismos de uma ideologia em ação, é perfeitamente fundada, se ela requer para esse fim a elaboração de conceitos teóricos, esses conceitos devem ser marxistas. Ora, sou obrigado a constatar que o fundo das expressões que Verret emprega com uma insistência que beira a complacência, se está carregado de noções teóricas, veicula de fato noções teóricas que, fazendo alusão a problemas reais e a uma teoria marxista necessária, mas ainda por elaborar, não têm muito a ver com a teoria marxista. Sua terminologia coincide constantemente, ao menos quando ele fala da ideologia, que ele chama, aliás, por um termo que não engana: “o imaginário social”, com uma terminologia que se quer de vanguarda na França, que foi empregada em obras, aliás meritórias em seu tempo, por Bourdieu e Passeron, e que é apenas, é preciso dizê-lo, um misto de terminologia weberiana-durkheimiana e pseudo-freudiana e, para dizer tudo, psicossociológica, ou seja, não científica.

Verret ficará espantado, sem dúvida, ao ler que suas análises da ideologia estudantil decorrem não da “sociologia marxista” que ele invoca, mas da psicossociologia. No entanto, basta percorrer seu primeiro capítulo (O índice de audácia, O índice de “permissividade”, O índice de aristocratismo, As revoltas principescas) para se dar conta de que ele se dedica aí a uma descrição puramente psicossociológica das “motivações” dos estudantes, invocando uma espécie de “condição estudantil” abstrata, pois essa descrição faz completamente abstração da situação econômica, política e ideológica que deu lugar à revolta ideológica de Maio.

Que o grupo estudantil seja “um grupo transitivo”, entre a vida familiar que está abandonando, e a vida profissional que ainda não abordou, entre o semissaber e o saber, entre a moral e a política; que essa “situação” “permita” aos estudantes infinitamente mais “liberdade” do que aos operários e aos outros trabalhadores, mesmo intelectuais; que filhos de burgueses e de pequeno-burgueses, “depositários da legitimidade cultural na qual a ordem social se reflete, se sanciona e se justifica”, eles sintam um prazer “aristocrático” em abalar os “Valores estabelecidos”; que nessa aparente “liberdade”, eles cedam a “fantasias”, onde a “pregnância do princípio do prazer” pode realizar-se com pouco esforço, quem o negará? Mas quem negará que essas condições sempre foram as dos estudantes, que a juventude estudantil, sobretudo “dourada”, sempre tenha brincado, até que “passe a juventude”, de escandalizar seus pais e a “Ordem estabelecida”? O que uma análise tão geral nos ensina sobre a grande revolta ideológica de Maio, no que a distingue, quer de uma revolta com dominância estética-anticlerical, como a da juventude “surrealista” no pós-guerra de 1914-1918, quer, com mais razão, das revoltas fascizantes e logo fascistas que submergiram a maioria dos países da Europa ocidental depois de 1927 na Itália e 1933 na Alemanha, tendo até ameaçado a França entre 1932 e a guerra?

As duas proposições seguintes são exatamente reversíveis: 1) se não se definirem as condições econômicas, políticas e ideológicas precisas que fundam e, portanto, distinguem essas diferentes revoltas, renuncia-se a toda análise verdadeiramente sociológica, e cai-se no seu resíduo comum: uma análise psicossociológica; 2) quando se emprega, sob o fascínio dos índices de “permissividade”, de “audácia” e de “aristocratismo”, unicamente a linguagem da psicossociologia, perdem-se inevitavelmente as razões históricas que fazem com que tal revolta estudantil seja estética, fascista ou progressista.

Não é preciso dizer que politicamente o resultado é considerável, visto que remete todos os leitores a uma “essência” intemporal da liberdade “transitiva” da juventude estudantil, onde cada um, seja ele esteta, fascista ou progressista, pode encontrar o que procura, com pouco esforço.

Eis o que deve nos esclarecer ao menos sobre um ponto, de resto perfeitamente definido por todos os clássicos do marxismo: é que nenhuma análise de uma ideologia dada e a fortiori das formas definidas em que se exprimem seus mecanismos é possível sem relacioná-la com as condições históricas específicas que lhe servem de suporte e de campo. Ora, Verret não esboça a análise das condições específicas econômicas, políticas e ideológicas que deram origem, não só na França, mas no mundo inteiro, à revolta ideológica da juventude escolarizada. Daí decorre um duplo resultado:

  1. no plano dos conceitos que emprega, ele é obrigado a recorrer aos pseudo conceitos sociológicos weberianos-durkheimianos-freudianos misturados, no amálgama que constitui o fundo de toda “teoria” psicossociológica. Efetivamente, esses pseudoconceitos “valem” para todas as revoltas ideológicas, seja qual for sua tendência política, e, portanto, seu alcance. Revoltas de um curto instante ou revolta de longa duração; revoltas superficiais ou revolta profunda; revolta estética, fascista ou progressista.
  2. no plano político, a consequência é clara. Como não nos explicam que a revolta ideológica mundial da juventude escolarizada é um dos efeitos importantes da agonia do imperialismo; como não nos explicam o papel dos exemplos argelino (Verret diz que “o grupo estudantil é sem memória”! Posso assegurá-lo de que a guerra da Argélia deixou marcas profundas na memória dos ex-estudantes e mesmo dos estudantes de hoje), cubano, vietnamita e chinês (os ecos da revolução cultural desempenharam um papel não desprezível na ideologia estudantil de Maio); como não nos explicam que a ideologia burguesa está fortemente abalada, para não dizer desmantelada pelos acontecimentos da história mundial que se sucederam desde o fascismo, a guerra da Espanha, a última guerra mundial e as revoluções socialistas que a seguiram; como não nos explicam (pois é aí que todo o resto se enraíza) que a pequena burguesia, e mesmo certos “executivos” burgueses estão, na própria França, profundamente atingidos pela crise econômica que os toca, quando não é o desemprego que os abate ou os espera (quantos futuros desempregados nas fileiras dos estudantes de hoje?); como não nos explicam nada disso, toda análise “sociológica” da ideologia estudantil de Maio de 1968 torna-se uma análise psicossociológica, logo idealista, do “Imaginário social” de um “grupo transitivo” eternamente em transição, eternamente entre duas cadeiras, “o grupo estudantil”.

O resultado é que se torna impossível não só dar conta do fato maciço de que pela primeira vez na história uma revolta ideológica estudantil se estendeu também aos alunos secundaristas e a camadas importantes de jovens trabalhadores intelectuais, tomando-se assim uma revolta ideológica de massa; a saber, que pela primeira vez na história, essa revolta ideológica prejudicou não só os “Valores estabelecidos”, mas também instituições de Estado e suas práticas seculares (o sistema escolar, antes de tudo), que estão longe de se recompor; a saber, que essa revolta ideológica francesa não é senão uma parte de uma revolta ideológica da juventude mundial, e que ela se reveste de um caráter incontestavelmente progressista, a despeito de seus erros, de suas arrogâncias e de suas ilusões inevitáveis.

Para dizer as coisas em uma palavra: quando não se sabe de onde vem uma revolta ideológica, quando não se sabe em que profundidade histórica ela está enraizada, há grandes chances de não ser possível discernir qual é sua significação, qual é seu alcance e qual é seu futuro políticos, portanto, em que medida ela pode ou não ajudar a luta de classe proletária contra o imperialismo, no plano mundial e no plano nacional.

Eu poderia parar por aqui, mas devo, no entanto, ir mais longe.

Verret tem perfeitamente o direito de consagrar um estudo à ideologia das ações estudantis de Maio. Aliás, ele não fala apenas da revolta estudantil. Fala também da greve operária. Quando fala da greve operária, fala uma linguagem marxista, e não mais psicossociológica. Porém, dirigindo-se em seu artigo, antes de tudo, a estudantes, estimo que ele devia considerar que era politicamente indispensável, antes de tudo, retificar a representação errônea que a maioria dos estudantes ainda tem dos acontecimentos de Maio. Não se pode, dez meses depois de maio de 1968, e visto o estado de extrema confusão ideológica no qual se encontram inúmeros estudantes que se querem “revolucionários” ou simplesmente “progressistas”, considerar que as coisas foram suficientemente esclarecidas sobre esse ponto e que para os estudantes Maio foi antes de tudo o “Maio dos Proletários”. Sei que esse ponto foi afirmado pelo Partido,(2) mas muitos estudantes, que não foram afetados - por razões que seria preciso analisar, pois elas são sérias - pelas tomadas de posição do Partido, ainda têm ilusões sobre a verdadeira ordem das coisas. Para poder falar com eles, supondo que fôssemos capazes de apresentar uma verdadeira análise sociológica científica de sua ideologia, seria preciso, primeiro, recolocar explicitamente as coisas em sua ordem verdadeira e dizer o que foi Maio de 68.

O que foi Maio de 68 na França?

Um encontro entre, de um lado, uma greve geral, pelo que sei, sem precedente na história ocidental pelo número de seus participantes e sua duração e, de outro, ações não somente estudantis, mas também secundaristas e “intelectuais” (afetando jovens “trabalhadores intelectuais”, médicos, arquitetos, artistas, jornalistas, juristas, engenheiros, empregados, pequenos e médios executivos etc.).

Nesse encontro, a greve geral operária foi de maneira esmagadora o acontecimento absolutamente determinante, enquanto as ações estudantis, secundaristas e “intelectuais”, que a precederam cronologicamente, foram um acontecimento novo e de grande importância, mas subordinado.

É preciso reconhecer também esse fato geralmente ignorado: enquanto para a burguesia, para seus pais e para eles próprios, os estudantes “ficaram em primeiro plano” em ações espetaculares, as ações mais profundas e complexas foram, sem dúvida, feitas por camadas não estudantis: os alunos secundaristas, os alunos dos centros de ensino tecnológico e os jovens “trabalhadores intelectuais”. Ora, o artigo de Verret não menciona a importância da ação dessas últimas camadas.

Parece-me que é essa, ao menos em suas linhas gerais, a realidade histórica, segundo a ordem de importância das ações respectivas que se encontraram em maio de 1968, sem chegar a fundir-se.

Ora, desde maio de 1968, ou seja, há dez meses, à exceção das imprecações de De Gaulle, que visam diretamente os operários cuja ameaça “totalitária” denuncia, todos os projetores oficiais, burgueses e pequeno-burgueses (uma enorme literatura que cobre o mercado editorial nacional e internacional), inclusive infelizmente inúmeros “projetores” estudantis, estão, senão exclusivamente, ao menos quase exclusivamente assestados no Maio Estudantil. Digo bem: Maio Estudantil, pois Maio secundarista e Maio de trabalhadores intelectuais não tiveram direito à mesma publicidade. Em compensação, exceto as publicações do Partido e da C.G.T.,(3) os quais, pelo que sei, ainda não produziram análise sociológica aprofundada e detalhada sobre o que ocorreu nas diferentes camadas dos trabalhadores segundo os diferentes ramos da produção e do emprego, e exceto algumas reportagens isoladas, um silêncio quase total é feito sobre o Maio operário (Maio dos Proletários, segundo a justa expressão de Salini)!(4)

Ora, sejam quais forem suas convicções sobre essa questão (e não duvido de sua justeza), Verret, pela própria disposição dos capítulos de sua análise, logo, pelo lugar em que faz em seu texto intervir a greve operária, chega a um resultado que não deseja seguramente: por mais que ele corrija, pela crítica das ilusões estudantis, a representação que os estudantes têm da relação existente entre sua ideia da greve (“greve analógica”) e a própria greve, ele não restabelece a greve em seu lugar verdadeiro, dito de outra forma, não faz aparecer a verdadeira relação, subordinada, que as ações estudantis e outras mantiveram com a greve geral dos trabalhadores. Quer queira quer não, ele mantém objetivamente, por esse fato, mesmo a despeito de suas críticas muitas vezes formalmente pertinentes, os estudantes que o leem na ilusão número um de sua própria “interpretação” de Maio. Pois demasiados estudantes ainda se sentem espontaneamente tentados a escrever a história de Maio no modo exclusivo de um Maio Estudantil, o que seguramente não desagrada politicamente à burguesia, com muita pressa de esquecer, por seu lado, e de fazer esquecer a seus filhos que, sem a prodigiosa greve de 9 milhões de trabalhadores, as barricadas do Quartier Latin teriam talvez deixado mais feridas do que esperanças e sonhos ainda vivos, e duravelmente vivos, visto que inspiram as ações, é certo que desordenadas, mas tenazes e profundas que se puderam observar, desde outubro de 68, antes de tudo, nos liceus, C.E.T.,(5)Escolas Normais etc.

Se, feitas todas essas reservas, entrarmos agora no próprio objeto da análise de Verret, nós o chamaremos não “o imaginário social” dos estudantes, mas as correntes ideológicas que se realizaram nas ações estudantis, secundaristas e “intelectuais” de Maio de 68 na França. Também aqui, temo que Verret ceda a uma dupla ilusão ou insuficiência.

  1. Ele trata, com efeito, da ideologia estudantil, como se ela fosse una. No entanto, ele sabe bem, e declara-o, que o “meio estudantil” é compósito, pois comporta, exceto os 8% ou 9% de filhos de operários, filhos de camadas sociais muito diferentes, indo da pequena burguesia até a grande burguesia, e mesmo aos restos da aristocracia.

Se considerarmos que não só os estudantes, mas que também jovens trabalhadores intelectuais em número importante participaram das ações de Maio, torna-se difícil falar de uma ideologia, a não ser considerando-a a combinação instável de várias correntes. De fato, para falar unicamente dos estudantes, e desde as cisões sucessivas que haviam abalado a U.E.C.(6) por ocasião das lutas anti-imperialistas (guerra da Argélia, resistências latino-americanas, Vietnã), e da cisão do movimento comunista internacional, existiam várias correntes de tendência ideológica muito diversa, apelando quer para o anarquismo (22 de março), quer para o trotskismo, quer para o guevarismo, quer para a revolução cultural chinesa.

Essa diversidade explica em parte as flutuações das ações estudantis em maio, suas hesitações, e em parte também sua fraqueza. A prova: a maioria dos “pequenos grupos” dividiu-se ou desapareceu sob a prova de Maio. Atualmente, e não se pode dizer por quanto tempo, reina uma ideologia “antipequenos grupos” e mais geralmente antiorganizacional de tipo neoluxemburguista, que encontra seus organismos de “substituição”(7) nos Comitês de Ação, os quais não são, em certos casos, sem eficácia.

Toda análise da ideologia estudantil deveria, então, levar em conta esses dados compósitos. Pois é também em parte uma ilusão ainda difundida em amplas camadas do meio estudantil que exista uma ideologia estudantil. O sentido, senão a coerência das ações estudantis teria, a meu ver, de ser procurado mais do lado dos objetivos, e mais profundamente das causas determinantes dessas ações (às quais me referi antes rapidamente).

  1. Verret parece, ademais, considerar que a ideologia dominante no meio estudantil em maio foi a ideologia “anarcossindicalista”, da qual diz, curiosamente, que é a ideologia de massa do anarquismo, como se o anarquismo enquanto tal não pudesse ser uma ideologia de massa, justamente em camadas sociais de origem tão heterogênea quanto aquelas de que são oriundos os estudantes. Ele invoca palavras de ordem como “poder operário”, “poder sindical” etc.

Ora, pelo que sei, foi a ideologia anarquista-libertária que dominou em maio entre os estudantes em geral, embora seja possível que em certos centros (Nantes, por exemplo, onde reina uma forte tradição anarcossindicalista em meio operário) estudantes tenham lançado palavras de ordem anarcos- sindicalistas, que, sempre pelo que sei, foram sobretudo proclamadas pela C.F.D.T.(8) e pelo P.S.U.(9) (“poder operário”, “poder estudantil”, “poder camponês”). No presente (março de 1969) parece-me que a ideologia dominante no núcleo “avançado” do “Movimento” estudantil seja uma ideologia de tipo neoluxemburguista, embora a ideologia anarquista ainda permaneça muito forte, talvez em progresso, sob formas relativamente elaboradas.

Preciso falar agora do próprio princípio que inspira a intervenção de Verret, a saber, a forma quase exclusivamente crítica de seu artigo. É claro que é indispensável criticar, como dizia Lenin a respeito do esquerdismo operário, “severamente, rigorosamente” as ilusões e os erros de nossos camaradas estudantes e que “não se deve adular a juventude”. Mas, justamente, é preciso também levar muito em conta o fato de que esses erros são uma “doença infantil”, não da classe operária, mas da juventude, e de uma juventude escolarizada ou intelectual.(10) Não se deve confundir automaticamente essa juventude com os pequenos grupos que tentam tomar sua direção - nem suas aspirações e reações com suas “palavras de ordem”. Pois é a massa da juventude escolarizada e intelectual que deve interessar-nos, e suas tendências profundas.

Ora, não penso que o método empregado por Verret em seu artigo (crítica negativa, de uma forma friamente satírica, sem dar explicações suficientes, nem indicar saída: e sei que essas duas últimas exigências não são, na conjuntura presente, fáceis de satisfazer) seja o melhor.

O que deve fazer um comunista, dez meses depois de Maio, para ajudar os estudantes que ainda estão maciçamente presos nos efeitos das ilusões ideológicas, com as quais cobriram em maio, bem ou mal, suas ações por vezes aventurosas, mas corajosas e mesmo heroicas? Lenin nos coloca na pista, em um texto datado de 1916, citado por Salini:

Diante da insuficiência de clareza teórica em tais jovens devemos reagir de maneira totalmente diferente do que fazemos e devemos fazê-lo a respeito da salada teórica e da falta de nexo revolucionário de que dão prova [...] adultos (Kautsky e Cia.) que enganam o proletariado, que pretendem conduzir e educar os outros e contra os quais uma luta implacável é necessária; aqui, lidamos com organizações da juventude, declarando abertamente que perseguem seu aprendizado, e que sua tarefa principal é formar militantes para os partidos socialistas. Devemos fazer tudo para ajudar essa juventude, devemos mostrar a maior paciência quando ela comete erros, e tentar corrigi-los pouco a pouco pela persuasão, de preferência, e não pela luta. Não é raro que pessoas de uma certa idade ou os velhos não saibam abordar a juventude, que, pela força, é obrigada a vir para o socialismo, diferentemente de seus pais, por outras vias, de outras formas e em outras condições...

Sei que as condições de março de 1969 não são as de 1916 e que é sem dúvida muito mais difícil ter paciência do que então, diante de certos ataques sistemáticos que visam diretamente o Partido e a C.G.T. Mas penso que a recomendação de Lenin mantém todo o seu valor, mesmo em uma situação em que o movimento comunista mundial está, além de tudo, dilacerado por uma grave cisão (em 1916, a situação também não era brilhante a esse respeito). Não penso que seja justo contentar-se com criticar do alto, com a segurança que dá a experiência política de um “homem maduro”, uma juventude estudantil e outra que procura sua via, em uma situação que é difícil não só para ela.

Pois, finalmente, se quisermos levar em conta elementos essenciais da situação em que ela procura sua via, parece-me que devemos considerar dois fatos, e vê-los bem de frente:

  1. a revolta ideológica da juventude escolarizada, que atingiu seu ápice em maio na França, começou há dez ou quinze anos em vários lugares do mundo. Trata-se manifestamente de um acontecimento absolutamente diferente das efêmeras revoltas estetizantes dos anos 1920-1925, e mesmo do alistamento da juventude nos movimentos fascistas de antes da última guerra. É, com efeito, uma revolta mundial e é incontestavelmente, em seu conjunto, apesar de certos rejeitos, por mais graves que sejam, uma revolta profundamente progressista, que, historicamente, tem seu lugar, não desprezível, na luta de classe mundial contra o imperialismo. Ela prejudica, com efeito, o aparelho inculcador da ideologia burguesa por excelência que é o sistema escolar capitalista. Há boas razões para pensar que, mesmo sofrendo graves revezes, essa revolta tem diante de si, através de suas provas e além delas, um verdadeiro e duradouro futuro. A questão fundamental colocada a essa juventude em revolta é a seguinte: será que saberá, não com palavras, mas com atos, operar sua fusão com o movimento operário? Será ajudada a realizar essa fusão?
  2. Ora, justamente essa espantosa juventude foi obrigada a travar em maio o gigantesco combate, grande demais para as suas próprias forças, no qual se engajou, em uma condição objetivamente dramática: entregue, abandonada a si mesma, logo, sozinha.

Trata-se de um fato objetivo, que devemos considerar com a maior seriedade. O fato é que, exceto na China, onde em um contexto absolutamente diferente, e para fins imediatos que não correspondem às nossas condições, a Direção do Estado Popular tomou a frente (ou a iniciativa?) da revolta ideológica da juventude, nossos Partidos Comunistas tinham, há vários anos, marcados na França pelas crises sucessivas da organização estudantil comunista, praticamente perdido contato com a massa da juventude escolarizada. Ora, não vi que se tenha, senão notado,fasa mas verdadeiramente levado a sério ou analisado afundo esse fato, não só enquanto fato de nossa própria história, mas ainda enquanto fato que ultrapassa as fronteiras de nosso país, visto que essa revolta ideológica afetou e afeta há vários anos não apenas os países capitalistas, mas alguns dos próprios países socialistas. Não tive conhecimento de nenhuma análise concreta, sistemática e aprofundada da situação concreta mundial e nacional que provocou essa perda de contato muito prejudicial não só à luta da classe operária, mas também e antes de tudo à própria juventude escolarizada.

Sei que, desde maio, o Partido faz grandes esforços para retomar um contato que fora perdido em maio, em um momento crucial da luta de classe, mas na falta de uma análise concreta da situação que provocou esse fato deplorável, tenho razões para temer que os novos contatos que se estão realizando atualmente repousem sobre certos equívocos ou sobre certas omissões, que nos custarão sem dúvida, mais dia menos dia, a despeito de vitórias que correm o risco de ser em parte vitórias “de Pirro”, mais ou menos caro. Pois só se pode, pela boa doutrina leninista, corrigir um erro, ou preencher uma lacuna resultante de um erro, com a condição absoluta de analisar até sua raiz as causas desse erro.

O que estou dizendo da situação estudantil vale igualmente, respeitadas as proporções, para a situação da própria classe operária em maio. Se dispuséssemos de mais análises concretas do que ocorreu em maio nas diferentes camadas de trabalhadores, e nos diferentes ramos da produção e do emprego, poderíamos, e muito, ajudar os estudantes a retificar a ideia, em grande parte ilusória, que eles têm da classe operária, de suas condições de existência e de luta, de seus ritmos, de suas experiências, de sua confiança e também de suas desconfianças.

Creio, após todas estas considerações, poder afirmar que essa ausência de análise global, sistemática e detalhada ao mesmo tempo, das causas da perda de contato entre o Partido e a juventude escolarizada em maio, por um lado, e essa insuficiência de análises detalhadas das ações da classe operária em maio, por outro lado, contribuíram para abandonar a si mesmas as ações da juventude escolarizada e intelectual em maio e desde maio, muito particularmente para precipitá-las, de cabeça baixa, primeiro em maio, em seguida após maio, em função exatamente de sua generosidade, nas ilusões arcaicas da ideologia anarquista, ou anarquizante, atualmente dominante.

Tudo isso para chegar a minha conclusão, que gostaria que fosse, em conformidade com o conselho de Lenin, não somente crítica, mas também e sobretudo positiva, embora ela permaneça necessariamente, no estado atual das informações disponíveis, programática.

Creio que é preciso, uma vez recolocadas as coisas sobre seus pés (ou seja, uma vez afirmado, e reafirmado demonstrativamente, o primado histórico absoluto da greve geral sobre as ações estudantis em maio), considerar com a maior seriedade a revolta ideológica da juventude escolarizada e dos jovens trabalhadores intelectuais, que estava em incubação há muito tempo no mundo e na França, e assumiu depois uma forma espetacular aqui e acolá (Turquia, Japão, Alemanha, Itália, Espanha, Estados Unidos etc.) antes de culminar na França em maio, graças à greve geral.

É preciso analisar a fundo as razões profundas, internacionais e nacionais, dessa revolta ideológica, que é, em seu nível naturalmente, um acontecimento sem precedente na história e irreversível.

É também necessário, sem se esquivar diante dessa tarefa difícil, analisar a fundo as razões da perda de contato ideológico e político dos partidos comunistas com a juventude escolarizada e intelectual no plano internacional e nacional.

É preciso expor em detalhe e publicamente essas análises e, se for o caso, ter a coragem política simplesmente de passar da análise à autocrítica e tirar daí as consequências ideológicas e políticas que se imporiam. Sem isso o abismo, notável em maio entre o Partido da classe operária e a juventude escolarizada e intelectual, correria o risco ou de não ser verdadeiramente preenchido ou de ser bem ou mal preenchido, ou seja, mais mal do que bem preenchido, com todas as perdas e todas as feridas que isso acarretaria.

É por aí que podemos ajudar “pacientemente, pela persuasão, de preferência à luta”, ajudar com todas as nossas forças nossos jovens camaradas estudantes a encontrar uma saída para as graves dificuldades nas quais se debatem. Evidentemente, é preciso também criticar, severamente se houver razões, seus erros, mas não se devem criticar seus erros senão para ajudá-los positivamente a vir, visto que a maioria deles proclama essa intenção, para as posições da classe operária.

Ora, não se pode ajudá-los positivamente a não ser criticando-os, mas com a tripla condição:

  1. de fazê-los conhecer no detalhe as ações da classe operária, seus princípios, suas tradições, suas formas de ação, e também suas formas de luta, muitas vezes desconcertantes para uma juventude que não tem evidentemente a experiência direta da classe operária e do movimento operário; fazê-los reconhecer a necessidade da direção política da classe operária na luta revolucionária.
  2. de reconhecer a novidade sem precedente, a realidade e a importância progressistas das ações da revolta ideológica da juventude escolarizada e intelectual, que, abalando do interior alguns dos aparelhos ideológicos dos Estados imperialistas, ajudam objetivamente a luta revolucionária da classe operária no plano internacional e no plano nacional; de fazer a classe operária conhecer essa realidade.
  3. de fornecer todas as explicações científicas que permitirão a todos, inclusive aos jovens, ver com clareza os acontecimentos que viveram, e orientar-se, se o quiserem verdadeiramente, sobre uma base justa, na luta de classes, abrindo-lhes perspectivas justas, e dando-lhes os meios ideológicos e políticos para uma ação justa.

Paris, 15 de março de 1969.


Notas de rodapé:

(1) Páginas 35 e 36 de seu texto. (retornar ao texto)

(2) "O" Partido é obviamente o Comunista Francês (PCF). (N. E.) (retornar ao texto)

(3) Sigla da Confédération Générale des Travailleurs, a mais antiga e importante central sindical francesa, com forte presença comunista. (N. E.) (retornar ao texto)

(4) A referência é a Laurent Salini, Mai des prolétaires, Paris, Éditions Sociales, 1976. (N. E.) (retornar ao texto)

(5) A sigla francesa C.E.T. significa "collège d'enseignement technique", análogo aos nossos estabelecimentos de ensino técnico. (N. E.) (retornar ao texto)

(6) Sigla da União dos Estudantes Comunistas. (N. E.) (retornar ao texto)

(7) Verret fala com razão de processos de substituições. (retornar ao texto)

(8) Sigla do Partido Socialista Unificado, que combinava habilidosamente uma retórica de esquerda com uma prática social-democrata. Seu principal dirigente, Michel Rocard, recebeu 3,6 % dos votos na eleição presidencial de 1969. Em 1974, aderiu ao Partido Socialista (PS), onde se pôs à frente do que chamou uma "segunda esquerda", reformista e anticomunista. O PSU se autodissolveu em 1990. (N. E.) (retornar ao texto)

(9) Quando falamos do esquerdismo e citamos a obra que Lenin consagrou a essa questão, é preciso saber que ele falava do esquerdismo operário, e não do esquerdismo estudantil. É preciso, sobretudo, lembrar que na própria conclusão de seu livro, Lenin escrevia: “Evidentemente, o erro representado pelo doutrinarismo de esquerda no movimento comunista é, na hora presente, mil vezes menos perigoso e menos grave do que o erro representado pelo doutrinarismo de direita”. Ele acrescentava que o esquerdismo operário era uma doença infantil que podia ser “em certas condições facilmente curada”. Arrisco aqui uma opinião pessoal. A despeito das diferenças de objeto (esquerdismo estudantil em vez de esquerdismo operário) e de conjuntura, creio sempre válido o julgamento comparativo de Lenin sobre os perigos respectivos. E acrescentaria: sobretudo em meio estudantil-intelectual, o doutrinarismo de esquerda representa um erro mil vezes menos perigoso e menos grave do que o erro representado pelo doutrinarismo de direita. Em compensação, acrescentarei que nas circunstâncias da conjuntura atual há risco de tornar esse erro extremamente difícil de "tratar": mesmo porque, invocando esta conjuntura, os "interessados", ou pelo menos muitos deles, recusam e recusarão ferozmente os "cuidados" que alguns, supondo até que queiram realmente ajudá-los, lhes oferecerão. Essa recusa, e sua forma, é um dos elementos objetivos da situação em meio "estudantil" que seria insensato não levar a sério, mesmo que para analisar suas razões, que não decorrem da "psico" ou da "psicossociologia". Todos aqueles que têm uma real experiência da prática pedagógica e política em meio estudantil, e, sobretudo, secundarista, sabem disso. (retornar ao texto)

(10) Waldeck Rochet notou-o para a França, em seu relatório do C.C. de 8 de julho de 1968, nestes termos (sublinhados por ele): "Até aqui nosso Partido exerceu nos meios estudantis uma influência não desprezível, é certo, mas no entanto nitidamente insuficiente, e que se sentiu naturalmente de maneira negativa no último movimento". (N. E.: Waldeck Rochet foi secretário geral do PCF de 1964 a 1969. "C.C.", obviamente, é Comitê Central.) (retornar ao texto)

Inclusão: 15/09/2020