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Pronunciado: em 30 de dezembro de 1970.
Fonte: Wikisource em Espanhol, 2005, conforme seção em espanhol do MIA.
HTML: Fernando A. S. Araújo.
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Povo do Chile, trabalhadores:
Eu não quero terminar este ano sem fazer um importante anúncio para o cumprimento de nossos planos econômicos e que se referem à nova política bancária e creditória.
Ante a consciência cidadã, nos comprometemos a lograr que o banco deixe de ser um instrumento ao serviço de uma minoria, para utilizar seus recursos em benefício de todo o país.
Pois bem, de acordo com as disposições legais, cabe ao Banco Central fixar o nível máximo das taxas de juros, para o primeiro trimestre de 1971.
O propósito do Governo Popular é que esta decisão seja acompanhada por um conjunto de outras medidas, para que ela tenha, efetivamente, o significado que querermos lhe dar.
Nossa determinação é a seguinte:
Convém ter em mente que, em 30 de setembro deste ano, setenta por cento do crédito se centralizava em Santiago.
Toda esta política, juntamente a atribuir ao banco o serviço de desenvolvimento nacional, tem como objetivo derrotar a inflação.
Gastos financeiros mais baixos significam, necessariamente, menores pressões inflacionárias.
Entretanto — e ouçam bem — a nosso juízo, para que esta política possa ser aplicar de forma efetiva, com toda sua amplitude e de maneira permanente, é preciso que o sistema bancário seja de propriedade estatal.
O banco sempre buscará uma forma de evitar o controle, quando a administração direta não está nas mãos do Governo.
Os fatos demonstraram que os controles indiretos que podem ser exercidos são ineficazes.
Assim sucedeu, por exemplo, a concentração do crédito. Em dezembro do ano passado, 1,3% dos devedores do sistema representavam 45,6% do crédito. Esta concentração só aumenta. A esta altura, era maior que em 1965. Igualmente, há razões fundadas para supor que nas últimas semanas a concentração de crédito aumentou como uma última tentativa de tirar o crédito dos bancos privados.
Isto acabou refletindo que clientes tradicionais destes bancos, encontraram as portas fechadas, o que está provocando fortes pressões sobre o Banco do Estado. Se não tomarmos a administração dos bancos para dar mais créditos aos pequenos e médios empresários, para impedir que os monopólios tomem conta, a baixa da taxa de juros seguirá favorecendo aos poucos privilegiados que sempre usufruíram dela. Igualmente, os controles indiretos mostraram-se ineficazes para prevenir operações ilegais, ou para descentralizar o crédito, ou para orientá-lo para o seu uso como instrumento executivo de planificação.
Somente estando os bancos nas mãos do povo, através do Governo que representa seus interesses, é possível cumprir com nossa política.
Face ao exposto, ficou resolvido que na próxima semana será enviado ao Congresso, um projeto de lei para estatizar o sistema bancário.
Não obstante esta decisão, o Governo quer oferecer outra alternativa, que além de acelerar o processo, representa uma boa opção para todos os acionistas, especialmente os pequenos. O Governo oferece a partir de segunda-feira, 11, até 31 de janeiro, comprar as ações de bancos privados. Esta opção se dará por intermédio do Banco do Estado, através de suas agências em todo o país e de acordo com as seguintes condições:
A proposta do Governo é pela totalidade dos valores que tem cada acionista e não por parte de suas ações.
Sem prejuízo da proposta anterior, e com o intuito de zelar desde já pelos interesses do país, a Superintendência de Bancos designará inspetores em cada instituição.
Fazemos um chamado às autoridades bancárias para que, sem prejuízo do anteriormente exposto, voluntariamente deleguem desde já seus departamentos de recursos humanos que, para estes efeitos designará o Governo, evitando-se assim que, durante a discussão no Parlamento do projeto de lei que estatiza os bancos, ocorra o menor indício de instabilidade do sistema financeiro.
Os conceitos anteriores têm uma exceção: os bancos estrangeiros que gozam de um status jurídico especial Com estes se buscará um entendimento direto, baseado nos interesses do país, tendo em consideração seus direitos.
Todas as medidas anteriores garantirão os depósitos. Os depositantes podem estar seguros que os organismos do governo prevenirão e sancionarão severamente qualquer intenção de lesionar sua integridade.
Eu quero deixar para o final algumas palavras dirigidas aos trabalhadores dos bancos.
Ao adotar estas disposições, o Governo tem em conta e valoriza a posição assumida por estes em seu último congresso, em que se pronunciaram favoráveis à estatização dos bancos privados.
O Governo conta com o apoio e a participação ativa de vocês para cumprir este objetivo.
Ao mesmo tempo, atenderemos suas aspirações legítimas, reclamadas há muitos aos e que são relativas à:
Tudo isto se complementa com o compromisso, já anunciado, de que o Governo respeitará as conquistas dos trabalhadores bancários.
Ademais, a baixa taxa de juros não afetará os rendimentos deles, uma vez que se incorporarão, ao fim, às gestões de suas próprias empresas.
Esperamos que os profissionais bancários sejam um exemplo para todos os trabalhadores do país. Servir em empresas que pertencem a todo o povo não deve ser somente um privilégio, mas também uma responsabilidade.
Isto é o que queria lhes informar.
Muito obrigado.
Início da páginaInclusão | 30/04/2009 |